domingo, 4 de maio de 2008

Infoeducação: saberes e fazeres da contemporaneidade

Por Maria Fernanda Salles de Aguiar

Após a leitura de uma série de autores que nos levaram a refletir sobre aspectos fundamentais acerca da cultura, da produção, do acesso e da circulação de conhecimento na sociedade contemporânea – dita sociedade da informação e do conhecimento – propostos pelo curso Infoeducação: acesso e apropriação de informação na contemporaneidade, o texto em questão problematiza um ponto central nesse processo, que é a emergência de um novo campo de estudos, situado entre a informação e a educação, que leve em consideração os recentes elementos históricos constitutivos da cultura e da produção de significados ligados ao conhecimento.

Freqüentemente, nos nossos dias, ouvimos falar em “acesso” – acesso aos meios, acesso aos bens culturais, acesso à informação, acesso à comunicação, evidenciando como a produção de significado se dá, de forma simbólica pelo acesso a territórios específicos. Esta idéia de território é apropriadamente utilizada no texto, que faz uso do conceito de apropriação como ferramenta metodológica de pesquisa. Decorrente dessa idéia, a questão que se coloca é a da luta pela “conquista política e manutenção de territórios físicos simbólicos” na produção de significados. Com efeito, não é meramente uma questão de acesso à produção e à veiculação de informação, sejam quais forem os meios utilizados para tal. O que se busca, neste caso, é um sentido para a busca do conhecimento.

O que significa informar e informar-se na Era da informação? (“O que significa conhecer, fazer ciência com consciência, construir sentidos, quando temos dúvidas sobre o que somos, o que seremos ou que queremos ser?” – pg. 3). Perguntas como estas devem ser feitas constantemente, principalmente quando se observa uma tendência de “incrementar ao acesso”, de fomento ao uso dos canais de comunicação, multiplicando os processos midiáticos sem que antes exista a possibilidade de se refletir para quê (com quais finalidades).

Diante de um contexto informacional complexo, no qual se entrelaçam cultura, tecnologia e dinâmica histórica, informar e informar-se são práticas que precisam ser continuamente pensadas e refletidas, “continuamente desenvolvidos e apropriados, cultivados e redimensionados, como condição de sobrevivência e participação no universo do conhecimento e da cultura”. (pg. 4)

“Achamo-nos pois numa situação em que a falta de ferramentas e referenciais de conduta explícitos e claros poderão significar submersão fácil nos oceanos da informação, incapacidade de realização de atos necessários aos processos de produção de sentidos e de significados. Nesses termos, é preciso construir tais recursos e deles nos apropriarmos, como condição de navegação nas águas agitadas e turvas da informação na contemporaneidade. Informação que, nesse ponto, encontra-se com a educação, uma vez que a apropriação dos bens simbólicos não é ato simplesmente natural, mas culturalmente construído.” (pg.5)

Informação e educação

Até meados do século XX os processos de recepção eram apresentados como elementos secundários no sistema informacional, que privilegiava a emissão nos processos de significação. O pós-guerra (Segunda Guerra Mundial), com suas transformações tecnológicas e culturais (provocadas em grande parte pela evolução dos meios de comunicação), levou a uma mudança no modelo informacional tradicional, que passa a reconhecer o sujeito da comunicação e, por contigüidade, o sujeito da educação.

A alteração desse paradigma provoca mudanças significativas nos modos de informar e educar, dando origem, em diversos lugares do mundo, a programas e políticas que buscam formar sujeitos, tanto da comunicação como da aprendizagem. Se é fator de mudança e avanço indiscutível não representa “ruptura epistemológica capaz de vencer o dualismo que separa historicamente os campos e que vem acarretando dificuldades de várias espécies aos processos de apropriação simbólica”. (pg.6)

Dentro deste contexto, a área de estudos denominada Infoeducação tem como objetivo pesquisar as relações históricas que produzem essa realidade, determinante dos modos de produção de significado, bem como promover experiências significativas no campo situado entre a informação e a educação, como forma de contribuir para esta pesquisa.

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