domingo, 4 de maio de 2008

Resenha do artigo Infoeducação

Boa noite!
Espero que todos estejam bem!
Aí vai a minha resenha.
Um beijo para todos!

Lucia
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Este artigo é um manifesto do que é a Infoeducação e tem dois objetivos:

1. Pretende afirmar a necessidade do desenvolvimento de uma área de estudos centrada nas relações entre Informação e Educação
2. Pretende lançar os fundamentos científicos da Infoeducação, por meio de um registro de uma trajetória de pesquisa.

Este artigo é dividido nos seguintes tópicos:
1. Infoeducação e significado: o problema
2. Infoeducação e educação: o recorte
3. Protagonismo cultural e apropriação simbólica: objeto e objetivo
4. Apropriação cultural: um novo paradigma
5. Das cooperações à pesquisa colaborativa como método
6. Da biblioteca interativa às redes de informação: a abordagem reticular
7. Das redes de informação às redes de Infoeducação: a abordagem orgânica
8. A hipótese
9. Conceitos: apropriação cultural, protagonismo cultural, dispositivos, mediação cultural, estação do conhecimento, área de estudos e de atuação da infoeducação, o infoeducador, a infoeducação

A partir da afirmação de que nossa humanização é sígnica, ou seja, se produzimos signos, somos também por eles produzidos e levando em conta de que nossa época (a Pós-modernidade e o advento das tecnologias informacionais que produziram artefatos sígnicos que desmaterializaram ainda mais o conhecimento, dezenraizando-o radicalmente dos seres humanos produtores de signos e colocando-os no ciberespaço).
Na verdade, a questão do desenraizamento do conhecimento não é exclusividade do advento do ciberespaço, no início do século XX, o filósofo espanhol Ortega y Gasset, em seu Missão do bibliotecário (1)já dizia que a produção dos livros, na forma como se encontrava no tempo em que este texto fora escrito, já era uma manifestação de como a criatura (o mercado editorial) já se rebelara contra o criador (a humanidade) e que seria missão do bibliotecário fazer uma seleção dos livros relevantes.
Como diz o texto:
Ainda que o sagrado arcaico quanto o profano moderno não sejam capazes de responder às inquietações e aspirações dos novos tempos, a espécie continua precisando de significados, ao menos no estágio em que ainda se encontra.
A Era da Informação recoloca, pois, indagações radicais próprias dos novos períodos históricos. Por isso, suas questões centrais não podem ser tratadas com estreiteza... A funcionalização do debate é vício taylorista que precisa ser superado por novos saberes e fazeres... inscritos em quadros epistemológicos e axiológicos, em suas dimensões técnico-práticas e ético-ontológicas, categorias recíprocas.
Face a isso, o que significa, portanto, informar e informar-se na Era da informação?
O que significa a memória, quando ela corre riscos de se transformar em obsessão, ironicamente apresentando-se como... a face contemporânea do esquecimento, da perda da memória, não pela falta, mas pelo excesso?

Diante desta problemática contemporânea, surge a proposta da Infoeducação.
O documento segue comentando a respeito dos objetivos e objetos da Infoeducação, a saber o protagonismo cultural e a apropriação simbólica, destacando o objetivo histórico dos dispositivos culturais e educacionais: a assimilação cultural.
A seguir, traça o histórico das pesquisas, começando pelo estudo da questão da experiência benjaminiana (o projeto Memórias do Baixo Pinheiros que culminou na Estação Memória), passando para a Oficina da informação, Biblioteca Interativa, a Rede de Bibliotecas Interativas (REBI), projeto inclusive apresentado no COLE de 2005.

Narrando uma dificuldade com a Prefeitura de São Paulo, o autor diz que “ficava evidente, com isso que as relações entre dispositivos e apropriação simbólica não eram apenas, de ordem conceitual ou metodológica, mas sobretudo políticas e administrativas, implicando conflitos que necessitavam ser incorporados ao projeto como categoria epistemológica. Estavam em causa, portanto, relações entre ciência e sociedade que não podiam ficar alheias à pesquisa cooperativa.”

Confesso que identifiquei-me sobremaneira com este trecho: agora que trabalho numa biblioteca pública municipal, é muito triste ver em primeira mão estes “conflitos”

Depois de traçada a trajetória das pesquisas, lança-se a HIPÓTESE:
“Os trabalhos desenvolvidos tinham por base uma hipótese segundo a qual existiria uma vinculação essencial, inextricável, dialética e complexa entre dispositivos de informação e cultura e processos de apropriação simbólica, correlata a vinculação existente entre ordem cultural e educacional, demandando o desenvolvimento de novos dispositivos e de aprendizagens informacionais indispensáveis ao protagonismo cultural nas sociedades do conhecimento.”

Vejamos... há um vínculo entre os dispositivos (na minha mentalidade estreita de bibliotecária, pensarei numa biblioteca, tudo bem?) e os processos de apropriação simbólica... correlata a vinculação existente entre a ordem cultural e educacional (vejamos, bibliotecas funcionam sob o antigo olhar de conservação e difusão), o que demanda o desenvolvimento de novos dispositivos (novas bibliotecas?, novas mentalidades?) e de aprendizagens informacionais que sirvam ao protagonismos cultural na sociedade em que vivemos, onde não podemos ignorar as novas demandas do ciberespaço. É isso?

A seguir, o artigo conceitua as palavras-chave deste processo, fechando o artigo com a conceituação de infoeducadores e infoeducação.

(1) ORTEGA Y GASSET, Jose. Missão do bibliotecário. Brasília. Briquet de Lemos, 2006. 82p. (Não posso indicar a página correta desta afirmação dele porque não tenho o livro em mãos no momento)

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