segunda-feira, 12 de maio de 2008

Resenha sobre A noção de Competência _Karen

PERRENOUD, P. A noção de competência. In: PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999. p. 19-33.


No capítulo primeiro de seu livro Construir Competências desde a Escola- A Noção de Competencia- , Perrenoud observa que não há definição clara e partilhada sobre o que seriam competências . No entanto, adota alguns caminhos e aponta sua proposta para a solução da crise percebida no sistema educacional: “talvez seja esta a única maneira de dar sentido à escola, para salvar uma forma escolar que está esgotando-se sem que seja percebida...”

Neste (con)texto de Perrenoud podemos reconhecer alguns caminhos que percorremos em nosso curso de Infoeducação. Por exemplo, a idéia do conhecimento como constructo apoiado não só em conhecimentos científicos, mas em saberes diversos, principalmente na experiência (situações complexas).Entendemos que a simples assimilação de conteúdos opõe-se a apropriação dos mesmos , esta última fruto da um ato de significação.

Em sua obra, o autor defenderá a competência que se constrói com a prática: “ São aquisições,aprendizados construídos , e não virtualidades da espécie”.Voltamos, assim, ao constructo e à noção do tempo necessário para formação destas.Além de termos refletido sobre o tempo objetivo e o tempo subjetivo para construção de conhecimentos, percebemos a importância dos diferentes contextos para compreendermos singularidades em diferentes épocas e locais.

No quadro escolar, porém, “Observa-se que a escola sempre tende a organizar os programas por campos nocionais ou teóricos, o que, inevitavelmente, confere às competências propostas diante dos conhecimentos um estatuto próximo dos exemplos e das ilustrações mais ligadas à tradição pedagógica. Construir uma competência significa aprender a identificar e a encontrar os conhecimentos pertinentes. Estando já presentes , organizados, e designados pelo contexto, fica escamoteada essa parte essencial da transferência e da mobilização”.

Se, ocasionalmente, associam-se esquemas construídos a simples hábitos ,Perrenoud afirma que nem todo esquema é um hábito, mas uma ferramenta flexível :”Tais esquemas são adquiridos pela prática, o que não quer dizer que não e apóiem em nenhuma teoria...Estes esquemas permitem-nos mobilizar conhecimentos, métodos , informações e regras para enfrentar uma situação, pois tal mobilização exige uma série de operações neutras de alto nível”.Importante lembrar que a automatização total ou parcial não é obrigatória numa competência. Quando se faz o que deve ser feito sem pensar, dizem que isto é um hábito e ,ao parecer do autor , o hábito faz parte da competência : “ Seria paradoxal que a competência aparentasse desaparecer no momento exato em que se alcança sua máxima eficácia.”

A da dupla face da competência, ora mobilizada ora mobilizadora, permite-nos enfrentar diferentes conjuntos(“não fechados e que nos enriquece conforme as peripécias da vida”) de situações. Algumas dramáticas e urgentes, outras lentamente.Por exemplo, no registro profissional as competências constroem-se mais rapidamente.Ainda assim, será o tempo que fará emergir soluções .As analogias não são evidentes e instantâneas , mas resultam de uma elaboração e de uma busca, e isto é importante frisar.Inclui-se, ainda, o aspecto da criatividade somando-se à repetição para o enfrentamento de situações inéditas.

Infelizmente,nas escolas , essas competências “ limitam-se a situações bastante estereotipadas de exercício e de avaliação”; que não serão suficientes para o domínio de novas situações.

Sendo assim, Perrenoud conclui que as competências são importantes metas de formação e que isso exigiria transformações dos programas, das didáticas, da avaliação, do ofício do professor e do aluno(protagonismo juvenil): não seria uma evolução fácil,mas importante e eficaz , garante.

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