Olá pessoas,
aí está meu fichamento.
Bom fds.
Bjs
Cris
BRUNER, J. O estudo adequado do homem. In: BRUNER, J. Atos de significação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
Jerome Bruner, no livro Atos de significação, faz uma crítica da situação da psicologia atual, avaliando a revolução cognitiva e discutindo a mudança na sociedade com o avanço dos processos computacionais. A primeira parte do livro, “O estudo adequado do homem”, está subdivido em seis partes, e discute a importância da cultura e seus possíveis desdobramentos para a psicologia.
A primeira parte trata da Revolução Cognitiva. Bruner faz um pequeno panorama histórico dessa revolução, das co-ligações entre as diversas áreas do conhecimento – Filosofia, antropologia, lingüística, entre outros – e, principalmente, discorre sobre a importância da computação e da informatização nesse processo. Na página 17, o autor fala que “muito cedo, por exemplo, a ênfase começou a muda do ‘significado’ para a ‘informação’, da construção do significado para o processamento de informações.” E que “a informação é indiferente ao significado. Em termos computacionais, a informação abrange uma mensagem já pré-codificada no sistema. O significado é previamente atribuído às mensagens. Não é um resultado da computação, nem é relevante para a computação, salvo no significado arbitrário de uma atribuição.” Bruner fala também da Revolução da informática e do uso do termo Inteligência Artificial pelos cientistas cognitivos. Termina o sub-capítulo lembrando que “não há dúvidas de que a ciência cognitiva contribuiu para a nossa compreensão de como a informação é continuamente transferida e processada. Nem pode haver muita dúvida sobre o fato de que ela deixou em grande parte sem explicação, e até mesmo um tanto obscurecidos, os grandes tópicos que originalmente inspiraram a revolução cognitiva.”
Na segunda parte, o autor destaca três razões para utilizar o conceito de cultura em seu texto. A primeira razão, base para as outras, é o argumento constitutivo: “é a participação do homem na cultura e a realização de seus poderes mentais através da cultura que tornam impossível construir uma psicologia humana baseada apenas no indivíduo.” (página 22). A segunda razão fala sobretudo de significados. Parte do pressuposto de que “a psicologia está tão imersa na cultura, que deve se organizar em torno a esses processos produtores e utilizadores de significado que conectam o homem à cultura. (...) Em virtude da participação na cultura, o significado é tornado público e compartilhado. Nosso meio de vida culturalmente adaptado depende da partilha de significados e conceitos.” (página 23). A terceira razão é chamada pelo autor de “psicologia popular”: “um relato cultural do que faz os seres humanos pulsarem” (pág. 23) Para o autor, por ser um reflexo da cultura, a psicologia popular partilha seus modos de valorizar e de conhecer. Ela muda com as transformações culturais que ocorrem. E é através dela que as pessoas julgam umas as outras e estabelecem conclusões sobre o valor de suas vidas e assim por diante.
A terceira parte é dedicada à discussão sobre a psicologia cultural. O autor apresenta rapidamente as dificuldades levantadas pelos cientistas comportamentais em relação à essa psicologia (que serão discutidas no outros tópicos) e trata de analisar seus pontos principais. Para Bruner, uma psicologia culturalmente sensível “é, e deve ser, embasada não apenas no que as pessoas realmente fazem, mas no que elas dizem que fazem e no que elas dizem que as fez fazer o que elas fizeram. Ela também está interessada no que as pessoas dizem que os outros fizeram e porquê” (pág. 25). O autor mostra a importância da psicologia cultural: tomar com central que o relacionamento entre agir e dizer é interpretável no contexto da conduta comum da vida. “Uma psicologia cultural não estará preocupada com comportamentos, mas com ações” (pág. 27).
Bruner discute, na quarta parte do texto, a questão do substrato biológico, a idéia de uma restrição sobre a ação e os dispositivos simbólicos construídos pelo homem para superar tais restrições. O autor defende que a questão de restrição não é demasiadamente negativa, visto que desafia o homem a superá-la. Ele argumenta em todo o livro que a “cultura e a busca de significado são a mão modeladora, a biologia é a restrição e cabe à cultura deter o poder de afrouxar essas limitações.” (pág. 30).
A quinta parte é dedicada ao relativismo. O autor traz alguns exemplos e autores para trazer à discussão a questão do construtivismo e do pragmatismo. Mas ele não os contrapõe, ao contrário. Para o autor, “o relativismo não é a pedra onde tropeçam o construtivismo e o pragmatismo.” (pág. 32). Outro assunto discutido pelo autor na sua defesa da psicologia cultural X relativismo é a mentalidade aberta. O autor a considera uma “disposição para construir conhecimento e valores a partir de perspectivas múltiplas, sem perda do comprometimento com os nossos próprios valores.” (pág. 34).
A última parte do texto retorna à posição adversa da “psicologia científica” em relação “a psicologia popular”. “A psicologia científica insiste bastante adequadamente em seu direito de atacar, debater e até mesmo substituir os princípios da psicologia popular.” (pág. 35). Diante do quadro de embate mostrado, o autor termina o texto mostrando que a psicologia científica deve repensar sua postura e suas “verdades”, e que deve considerar que as verdades sobre a condição humana são relativas ao ponto de vista assumido. Bruner fecha o texto mais uma vez afirmando a necessidade da análise da psicologia popular: “ela atingirá uma posição mais efetiva em direção à cultura como um todo quando vier a reconhecer que a psicologia popular das pessoas comuns não é apenas um conjunto de ilusões autoconfortadoras, mas inclui as crenças da cultura e as hipóteses de trabalho sobre o que torna possível e gratificante a vida em comum. (...) A psicologia popular precisa de explicações, não de desculpas.” (pág. 36).
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