domingo, 6 de abril de 2008

Resumo das principais idéias do livro Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro- Karen

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 8 ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2003.

1-As cegueiras do conhecimento
Para ensinar as bases de uma educação do futuro,Morim parte do princípio que todo conhecimento comporta o risco do erro e da ilusão,e mais: não haveria conhecimento que não esteja, de certa forma, ameaçado pelo erro e pela ilusão.Isto pela razão de ser -o conhecimento- intermediado pela palavra que requer tradução, reconstrução e interpretação de sentidos.

Segundo o autor, nosso mundo psíquico (sonhos,idéias desejos,medos) está infiltrado em nossa visão de mundo exterior. Lembra ainda que a própria memória (seletiva) pode ser fonte de muitos erros . Desta forma,teorias fechadas em busca de uma única verdade absoluta não poderiam ver seus próprios erros.Estes seriam os erros da razão que confundiria a racionalidade(aberta,negocia com a irracionalidade) e a racionalização (nega-se à contestação de argumentos).

No mundo ocidental,os indivíduos conhecem,pensam e agem por meio de pares opositivos como claro/ escuro, bom / mau, corpo / alma (ao contrário de culturas que encaram estes pares como complementares, por exemplo, a representação oriental do yin/yang).
Culturas diversas elegem suas crenças e convicções valendo-se de paradigmas determinantes de estereótipos cognitivos que seriam o seu imprinting cultural e a sua normalização (normas,proibições,bloqueios) . De tão fortes ,estas idéias acabam nos possuindo, ao invés de serem dirigidas por nós, sujeitos humanos.O autor sugere que, na busca da verdade,deixemo-nos possuir por idéias de crítica, autocrítica, abertura e complexidade.

2-Os princípios do conhecimento pertinente
Como organizar e articular tantas informações ? Como entender o contexto e o complexo(global) na Era Planetária neste novo milênio? Morin propõe -nos uma reforma do pensamento, na qual devemos tornar evidentes tanto os contextos particulares quanto o global e complexo: “ É preciso recompor o todo para conhecer as partes”(38).

Devido à hiper-especialização ocorre uma disjunção, uma quebra de vínculos, na qual se perde o global e o essencial . O fosso entre uma especialização e outra ocultaria o imprevisto, o novo e a invenção.

3-Ensinar a condição humana
Todas as nossas condições no planeta Terra: cósmica, física , terrestre e humana devem ser analisadas para que se perceba a inter- relação(unidade humana) entre elas e como o resultado desta conjunção permitiu ao homem diferenciar-se dos demais pela cultura(diversidade humana).

Neste contexto, o autor aborda o ser humano complexo, seu caráter antagônico, reconhecendo inclusive o valor da a loucura: “O gênio brota na brecha do incontrolável, justamente onde a loucura ronda"(61).

4-Ensinar a identidade terrena no século 21 (a era planetária exige um pensamento policêntrico nutrido das culturas do mundo).
Em contraposição ao século passado ,que nos deixou uma herança de morte(guerras, extermínios,armas nucleares, morte ecológica, vírus e bactérias novas e mais resistentes, aumento do uso das drogas)e até mesmo da morte da modernidade (enquanto fé incondicional no progresso),devemos agora ter a 'cidadania terrestre' como nova missão da educação.

A proposta de reforma do pensamento de Morin basea-se na Terra como primeira e última pátria e a consciência cívica terrena: responsabilidades e solidariedade com os filhos da Terra, ou seja, a “simbiosofia”(sabedoria de viver junto).

5- Enfrentar as incertezas ligadas ao conhecimento
O século 20 descobriu a perda do futuro e sua imprevisibilidade: “o futuro chama-se incerteza”. A História não mais se repete ou progride em linha reta. A história é um complexo de ordem, deserdem e organização.Velhas certezas já não servem mais e prevalece a incerteza do conhecimento(ilusão e erro).

Neste caso, no campo da ação devemos saber planejar e prever estratégias , contando com o aleatório,o acaso, o imprevisto e possíveis transformações,de forma prudente e audaciosa ao mesmo tempo.

6- Ensinar a compreensão (“ a ética da compreensão pede que se compreenda a incompreensão”p.99)
Atualmente,apesar da comunicação quase que total, parece que a incompreensão humana é geral.Comparando a compreensão intelectual com a humana ,afirma que esta última vai além da explicação,pois seria composta por conhecimento sujeito a sujeito.Os obstáculos para compreensão seriam ,por exemplo, o egocentrismo, o etnocentrismo e o espírito redutor.Solução? A tolerância,garantida pela democracia, ainda que suponha o sofrimento de aceitar idéias(não insultos e agressões) que se oponham às nossas.Para o autor, comprender é aprender e reaprender incessantemente; e é fundamental para a reformadas mentalidades.

7- A ética do gênero humano (“...o imperativo tornou-se salvar a humanidade,realizando-a”)
Indivíduo/sociedade / espécie não são apenas inseparáveis, mas co-produtores um do outro.Segundo Morin, apenas a democracia permite o consenso(respeitando minorias), a diversidade e alimenta-se do ideal Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Karen Kipnis
Infoeducação ECA/USP

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