domingo, 6 de abril de 2008

Resenha: Os sete saberes necessários à educação do futuro_Fernanda Salles

Os sete saberes necessários à educação do futuro
Por Maria Fernanda Salles de Aguiar

Escrito em 1999 por solicitação da UNESCO, como “um conjunto de reflexões que servissem como ponto de partida para pensar a educação do próximo milênio”, “Os sete saberes necessários à educação do futuro”, de Edgar Morin, um dos grandes pensadores ocidentais do século XX, é um livro admirável em sua forma e concepção. Com pouco mais de 120 páginas aborda questões profundas como a história do mundo, a evolução da humanidade, os rumos da ciência e da tecnologia, a formação do cérebro, o comportamento das culturas e... a educação. Dividido em sete capítulos (I- As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão; II- Os princípios do conhecimento pertinente; III- Ensinar a condição humana; IV- Ensinar a identidade terrena; V- Enfrentar as incertezas; VI Ensinar a compreensão; VII- A ética do gênero humano), Morin apresenta o mundo e a humanidade como organismos absolutamente interligados, sendo que a sobrevivência de um depende da realização do outro em suas dimensões individual e coletiva, sem o que o desenvolvimento técnico e econômico pouco significam. “Concebido unicamente de modo técnico e econômico, o desenvolvimento chega a um ponto insustentável, inclusive o chamado desenvolvimento sustentável. É necessário uma noção mais rica e complexa do desenvolvimento, que seja não somente material, mas também intelectual, afetivo, moral...”, conclui Morin (pg. 69). Portanto, uma educação “transdisciplinar, capaz de rejuntar ciências e humanidades e romper com a oposição entre natureza e cultura” (orelha), mais do que uma posição ideológica relacionada à um tipo de educação passível de escolha entre tantas outras, é uma condição sine qua non para a sobrevivência da espécie humana e para a continuidade do planeta. “A educação do futuro conduziria à tomada de conhecimento e, por conseguinte, de consciência da condição comum a todos os humanos e da muito rica e necessária diversidade dos indivíduos, dos povos, das culturas, sobre nosso enraizamento como cidadãos da terra...” (pg. 61) Como promover uma educação que leve em consideração a unidade e a dualidade do homem? Como levar em consideração o que a humanidade possui de específico e de comum ao mesmo tempo, respeitando a riqueza de uma cultura que nasce local sem esquecer a questões globais? Como fazer com que o homem se relacione com as questões de uma civilização que atingiu um desenvolvimento técnico impensável e que cada vez mais cria conexões e interdependências entre as diversas culturas? “Todo desenvolvimento verdadeiramente humano significa o conjunto das autonomias individuais,das participações comunitárias e do sentimento de pertencer à espécie humana”, avalia Morin (pg. 55) em uma das pistas que nos oferece neste enxuto, mas valioso, tratado sobre educação.
Dois links e complementares: http://pt.wikipedia.org/wiki/Edgar_Morin - pequena biografia e principais obras http://ww2.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/meio_ambiente/umapaz/files/Morin.pdf - uma resenha de "Os sete saberes" muito boa. Infelizmente, não assinada.

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