domingo, 30 de março de 2008
Resenha do artigo O adolescente como protagonista, de Antonio Carlos Gomes Costa
Como passei pelo teste da postagem em conexão discada domingo a noite, vamos ao próximo texto:
COSTA, Antônio Carlos Gomes da. O adolescente como protagonista.
O autor inicia com a etmologia do termo protagonismo: proto, que significa o primeiro, principal e agon, que significa luta (É a mesma raiz do termo agonia, a última luta antes da morte). Protagonista quer dizer então, lutador principal, personagem principal, ator principal.
Segundo COSTA, "uma ação é dita protagônica quando, na sua execução, o educando é o ator principal no processo de seu desenvolvimento. Por meio desse tipo de ação, o adolescente adquire e amplia seu repertório interativo, aumentando assim sua capacidade de interferir de forma ativa e construtiva em seu contexto escolar e sócio-comunitário".
Costa afirma que para isso ocorra é necessário mudar a forma de ver e agir em relação aos adolescentes: estes precisam ser vistos como parte da solução, não do problema.
É importante a observação do autor de que a participação do adolescente dever ser autêntica e não simbólica.
O autor defende a mudança de perspectiva do educador - não mais apenas o doscente e ministrador de aulas, ele deve ser líder, organizador, animador, facilitador, criador e co-criador de acontecimentos, por meio das quais o adolescente pode ser protagonista.
Ele mostra as etapas de um trabalho com um grupo de adolescentes:
1. Apresentação da situação
2. Proposta de alternativas ou vias de solução
3. Discussão das alternativas de solução apresentadas
4. Tomada de decisão
A seguir o autor mostra uma lista de atitudes que um educador interessado em promover o protagonismo dos adolescentes deve tomar e conclui afirmando que "o fundamental é acreditar sempre no potencial criador e na força transformadora dos jovens".
Devo dizer que li este artigo depois do artigo de Ferretti et ali e isso mais a leitura das credenciais de Costa (sua ação majoritária é em ONGs e órgãos oficiais) me fez concordar com as afirmações de Ferretti et ali quando eles criticam o discurso dele (e dos demais autores analisados) no tocante a homogeneização dos jovens e na falta de visão política.
Um abraço!!
Resenhas dos artigos a respeito de Protagonismo
Espero que todos estejam bem.
Resenhas a vista!
FERRETTI, Celso J. ;ZIBAS, Dagmar M. L. ; TARTUCE, Gisela Lobo B.P. Protagonismo na literatura especializada e na reforma do ensino médio. IN: Cadernos de pesquisa, v.34, n.122, p.411-423, maio-ago 2004.
A proposta deste artigo é fazer uma análise crítica da bibliografia referente a questão do protagonismo juvenil e de alguns aspectos das normas oficiais (DCNEM - Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio).
Como introdução, Ferretti et al citam os seguintes fenômenos contemporâneos em que o protagonismo juvenil será contextualizado:
1. As transformações sociais e culturais das sociedades pós-industriais
2. As mudanças no trabalho estruturado sob o capital
3. Os avanços nos campos científico e tecnológico
Em face destes fenômenos, diversos autores estudados neste artigo indicam uma urgente necessidade de promover, de forma sistemática, a formação de atitudes cidadãs que permitam a esses sujeitos conviver de forma autônoma com o mundo contemporâneo.
PERGUNTO EU: O protagonismo juvenil seria uma reação ao pós-industrialismo?
Ferretti et al. citam o hibridismo semântico do termo protagonismo, mas fecham a questão afirmando que o cimento semântico seria Ação cidadã ou Preparação para a ação cidadã. A seguir eles citam Antonio Carlos Gomes COSTA, um dos poucos autores a tratar da relação entre protagonismo e educação formal no Brasil e seu conceito: "Protagonismo é a participação do adolescente no enfrentamento de situações reais na escola, na comunidade e na vida social mais ampla". Logo, protagonismo seria um método de trabalho cooperativo fundamentado na Pedagogia ativa.
Tanto o discurso de COSTA quanto de ESCAMEZ & GIL são belíssimos e comoventes, mas FERRETT et al denunciam seu abstracionismo, na medida em que tais discursos tratam a adolescência e a juventude de forma homogênea e idealizada. Segundo eles: "se até agora os autores usam uma sociedade e juventude e protagonismo abstratos podem descambar para idealizações tanto das ações quanto dos sujeitos individuais e sociais a elas relacionados para simplificação do proposto e para leituras muito diversas do que é pretendido.
A seguir, Ferretti el al citam outro conceito usado por quase todos os autores estudados, que é a Resiliência. Eles citam BARRIENTOS & LASCANO para definir este conceito: "Resilência é a capacidade de pessoas resistirem a adversidade valendo-se da experiência assim adquirida para construir novas habilidades e comportamentos que lhes permitam sobrepor-se às condições adversas e alcançar melhor qualidade de vida." Ferretti et al jogam com a hipótese de que as propostas relativas ao protagonismo parecem mirar 2 grandes grupos:
1. Os jovens não pobres que podem ser cooptados para realizar ações voluntárias que beneficiem as populações carentes
2. Os jovens pobres que podem desenvolver ações de resiliência
MEU COMENTÁRIO: Como membro de igreja há mais de 15 anos, não pude deixar de notar a semelhança do discurso acima com o discurso religioso.
Uma crítica que Ferretti et al fazem dos discursos, especificamente deBARRIENTOS & LASCANO e da CEPAL é que da forma como é apresentado, o protagonismo possibilita a despolitização do olhar sobre os porquês da pobreza e sua manutenção, desviando o foco das preocupações do debate político e social.
Logo, a perversidade deste raciocínio é:
1. O protagonismo seria mais adaptativo do que problematizador
2. O protagonismo desloca a ação do Estado para a sociedade civil
3. O protagonismo transfere para os jovens (principalmente os mais pobres) a responsabilidade da resiliência.
Outra questão lembrada por Ferretti et al. é o hibridismo dos discursos, em que discursos são descontextualizados e, em seguida, recontextualizados, ou seja, é cada vez mais veloz a apropriação de discursos dentro dos contextos diferentes daqueles em que foram produzidos.
A conclusão do artigo é:
Se por um lado há uma discussão que advoga a necessidade do desenvolvimento do ser humano completo, por outro lado, este mesmo discurso afirma a irreversibilidade dos efeitos negativos da era pós-industrial, orienta a despolitização da participação juvenil e faz um apelo à adaptação à nova ordem mundial. Portanto, cabe aos educadores o trabalho de permanecer atentos aos sutiz viezes ideológicos e promover um protagonismo juvenil que não seja mero ativismo social.
Bom, agora o teste de postagem num acesso discado domingo a noite...
O adolescente como protagonista_Resumo de Fernanda Salles
Autor: Antônio Carlos Gomes da Costa (em http://www.adolec/P/cadernos/capitulo/cap07/cap07.htm)
Redigido em 30 de março de 2008
Resumo: Maria Fernanda Salles de Aguiar
Publicado em 2001, o texto enfatiza a necessidade de uma educação que tenha como objetivo um jovem autônomo, competente e participativo, atuante na solução de problemas reais na escola, na comunidade e na sociedade. Como alternativa a essas demandas, sugere o conceito de protagonismo juvenil, como forma de preencher uma lacuna no campo da pedagogia. O autor afirma que o educador que opte por seguir esse caminho deve ter um compromisso de natureza ética com o educando, de forma a contribuir para a construção de uma sociedade que respeite os direitos de cidadania e aumente progressivamente os níveis de participação democrática de sua população. Feita esta proposição, elenca uma série de posturas pouco democráticas que costumam orientar as ações dos educadores no processo pedagógico. As práticas mencionadas apontam equívocos comuns aos adultos, que se colocam como figuras centrais em processos de decisão, quando no processo educativo estas poderiam ser tomadas pelos jovens, como forma de exercitar seu protagonismo. No mais, Costa oferece uma série de dicas ao educador que deseje aplicar práticas educativas que visem o desenvolvimento do protagonismo juvenil em seus alunos. Tais dicas, ao meu ver, soam como sugestões técnicas ao educador que deseje obter o resultado desejado junto a um educando. A tarefa deste último, mais do que transformar-se em sujeito de uma educação de qualidade, é atingir metas sociais num processo que se arrisca a responsabilizá-lo por sua própria derrocada social.
Sobre o termo "resiliência"_Dicas de texto da Karen
RESILIÊNCIA
Professora Sandra Maia Farias Vasconcelos, Dr.
Há mais de quarenta anos, a ciência tem-se interrogado sobre o fato de que certas pessoas têm a capacidade de superar as piores situações, enquanto outras ficam presas nas malhas da infelicidade e da angústia que se abateram sobre elas como numa rede engodada. Por que certos indivíduos são capazes de se levantar após um grande trauma e outros permanecem no chamado fundo do poço, incapazes de, mesmo sabendo não ter mais forças para cavar, subir tomando como apoio as paredes desse poço e continuar seu caminho?
As experiências e estudos feitos têm mostrado algumas explicações científicas sobre esse fato. A biologia defende o ponto de vista de que cada ser humano é dotado de um potencial genético que o faz ser mais resistente que outros. A psicologia, por sua vez, dá realce e importância das relações familiares, sobretudo na infância, que construirá nesse individuo a capacidade de suportar certas crises e de superá-las. A sociologia vai fazer referência à influência do entorno, da cultura, das tradições como construtores dessa capacidade do individuo de suplantar as adversidades. A teologia traz um aporte diferente pela própria subjetividade transcendente, uma visão outra da condição humana e da necessidade do sofrimento como fator de evolução espiritual: o célebre "dar a outra face".
Mas foi o cotidiano das pessoas que passam por traumas, que realmente atravessam o vale das sombras, o que realmente atraiu a curiosidade de cientistas do mundo inteiro. Não são personagens de ficção que se erguem após a grande queda; são homens, mulheres, crianças, velhos, o individuo comum do mundo que retoma sua vida após a morte de um filho, a perda de uma parte de seu corpo, a perda do emprego, doenças graves, físicas ou psíquicas, em si mesmo ou em alguém da família, razões suficientes para levar um individuo ao caos. Esses que são capazes de continuar uma vida de qualidade, sem auto-punições, sem resignação destruidora, que renascem dos escombros, esses são seres resilientes.
A resiliência é um termo oriundo da física. Trata-se da capacidade dos materiais de resistirem aos choques. Esse termo passou por um deslizamento em direção às ciências humanas e hoje representa a capacidade de um ser humano de sobreviver a um trauma, a resistência do individuo face às adversidades, não somente guiada por uma resistência física, mas pela visão positiva de reconstruir sua vida, a despeito de um entorno negativo, do estresse, das contrições sociais, que influenciam negativamente para seu retorno à vida. Assim, um dos fatores de resiliência é a capacidade do individuo de garantir sua integridade, mesmo nos momentos mais críticos.
Não se é resiliente sozinho, embora a resiliência seja íntima e pessoal. Um dos fatores de maior importância é o apoio e o acolhimento, feito em geral por um outro individuo, e essencial para o salto qualitativo que se dá. Alguns autores nomearam essas pessoas: Flash chamou-o mentor de resiliência; Cyrulnik chamou-o tutor de resiliência; muito antes Bolwby chamou-o figura de apego. Denominações a parte, a resiliência ganha hoje seu espaço na pesquisa em ciências humanas, médicas, sociais, administrativas etc.
Mas não se forma um mentor/tutor/figura de apego. Não se pode dizer que alguém vai ser a partir de agora esse individuo que vai chegar para operar o milagre. A resiliência é, na verdade, o resultado de intervenções de apoio, de otimismo, de dedicação e amor, idéias e conceitos que entram sorrateiramente nas ciências como causa e efeito, intervenção e resultado, hipótese e tese de que as relações intra e interhumanas são relações que ultrapassam o rigor do empirismo para encontrar o acaso.
O adolescente como protagonista_Resumo de Renata Sant’Anna
Departamento de Biblioteconomia da USP
Disciplina : Infoeducação:acesso e apropriação de informação na contemporaneidade
1º. semestre 2008.
Prof. Dr. Edmir Perroti
Resumo de Renata Sant’Anna
O adolescente como protagonista
Antonio Carlos Gomes da Costa
Antonio Carlos Gomes apresenta, em seu texto O adolescente como Protagonista, as definições de protagonismo juvenil, explicando, inicialmente, o significado da palavra protagonismo para clarear a origem do termo e sua relação com o conceito: o jovem “é o ator principal no processo de seu desenvolvimento.” (GOMES,2007,p.1)
Segundo o autor, a idéia de protagonismo juvenil nasceu da necessidade de suprir a lacuna teórico-prática no campo da educação e tem como principal objetivo a “participação ativa, construtiva e solidária” dos jovens na solução de problemas reais no contexto de suas vidas.
Em seu texto, Gomes declara que :
“...quando o adolescente, individualmente ou em grupo, se envolve na solução de problemas reais; atuando como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso;temos, diante de nós, um quadro de participação genuína no contexto escolar ou sócio-comunitário, o qual pode ser chamado de protagonista juvenil.”(GOMES,2007,p.1)
Após essas conceituações, o autor afirma que para tornarmos possível uma pedagogia sob a perspectiva do protagonismo juvenil é necessário olharmos para os adolescentes de uma nova maneira, isto é, não mais como um problema, mas como solução.
Além disso, para que o educador atue segundo as diretrizes do protagonismo juvenil, não basta que ele conheça as noções dessa prática pedagógica, mas que esteja envolvido com a proposta de, por meio de seu trabalho, “contribuir para a construção de uma sociedade que respeite os direitos de cidadania e aumente progressivamente os níveis de participação democrática de sua população.”(GOMES,2007,p.2). Para tanto, é necessário uma postura diferenciada do educador. A ele caberá propiciar situações, permitindo aos adolescentes vivências e práticas que possibilitem a eles uma participação autêntica nos seus processos de desenvolvimento pessoal e social.
Segundo Gomes:
“Educar para a participação é criar espaços, para que o educando possa empreender, ele próprio, a construção de seu ser. Aqui, mais uma vez, as práticas e vivências são o melhor caminho, já que a docência dificilmente dará conta das múltiplas dimensões envolvidas no ato de participar.” (Gomes, 2007,p.1)
O autor aponta, então, que existe a necessidade de um compromisso do educador com a proposta pedagógica e que esta exige uma mudança nas formas de atuação docente. Segundo ele, o papel do educador se modifica, pois ele “já não pode mais limitar-se à docência.”(GOMES,2007,p1,2)
Sob essa perspectiva ele declara:
“Mais que ministrar aulas, ele deve atuar como líder, organizador, animador, facilitador, criador e co-criador de acontecimentos, por meio dos quais o educando possa desenvolver uma ação protagônica.” (GOMES,2007, p.2)
É importante salientarmos que a necessidade de mudança na atuação do professor, também é apontada por Lévy, quando se refere às adequações necessárias à realidade escolar depois do dilúvio de informações provindas da internet.
“... a principal função do professor não pode mais ser uma difusão dos conhecimentos, que agora é feita de forma mais eficaz por outros meios. Sua competência deve deslocar-se no sentido de um animador de inteligência coletiva dos grupos que estão a seu encargo. Sua atividade será centrada no acompanhamento e na gestão das aprendizagens: o incitamento à troca dos saberes, a mediação relacional e simbólica, a pilotagem personalizada dos percursos de aprendizagem etc. (LÉVY, 1999, p.171)
Embora os dois autores tenham pontos de partida diferenciados, percebemos que as propostas para o desenvolvimento das “novas” pedagogias, em ambos os casos, apóiam-se na atuação do professor e têm como atenção central os jovens, pois Levy declara que foram eles os protagonistas do uso da internet. A proposta de educação apresentada por Gomes tem como ponto central o potencial criador e a força transformadora dos jovens. Sob esse aspecto, as relações estabelecidas pelos autores se tangenciam.
Gomes organiza em seu texto as estratégias de atuação e algumas posturas do educador frente ao protagonismo juvenil, apresentando uma espécie de metodologia deste trabalho, relacionando atitudes que os educadores nele envolvidos devem seguir, dentre elas: acolher as manifestações dos grupos de jovens e propiciar aos educandos a oportunidade de pensar e agir livremente.
Finalizando, o autor declara que essa maneira de trabalhar possibilita a formação de um “jovem solidário, autônomo, competente e participativo.”(GOMES,2007,p.3)
sábado, 29 de março de 2008
Resenhas dos artigos: O protagonismo juvenil na literatura especializada e na reforma do ensino médio e O adolescente como protagonista_Elisangela.
Olá pessoal!
Seguem as resenhas dos artigos.
Abraços e bom final de semana,
Elisangela
FERRETI, Celso J.; ZIBAS, Dagmar L.; TARTUCE, Gisela Lobo B. P. O protagonismo juvenil na literatura especializada e na reforma do ensino médio. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v.34, n.122, p.411- 423, maio/ago.2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/v34n122/22511.pdf>
O artigo faz uma análise crítica das definições de diversos autores e de aspectos da reforma curricular do ensino médio, cuja aproximação decorre dos ideais da educação para a cidadania. Inicia com um breve histórico do conceito, bem como das transformações sociais e culturais das últimas décadas refletidas nas práticas e vivências dos jovens, bem como na história de suas famílias, como o intenso contato com a informática criando novas formas de ser, viver, consumir, apropriar-se de informações, produzir conhecimentos e manifestações.
Entretanto, como os autores ressaltam, é a partir da década de 90 que o termo “protagonimo”, associado ao jovem, é observado nos textos de diversos documentos oficiais, sendo que as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio constituem o meio legal mais importante para a difusão do protagonismo juvenil no ensino médio. Trata-se de um conceito passível de diferentes interpretações em torno de conceitos híbridos como “participação”, “identidade”, “autonomia” e, sobretudo, a “ação cidadã”, ou “formação de valores e atitudes cidadãs que permitem a esses sujeitos conviver de forma autônoma com o mundo contemporâneo”.
O protagonista, agente e beneficiário da ação, ou o ator principal, como muitos autores definem a partir da origem etmológica do termo protagonistés, não é mais visto como o adolescente causador de problemas, ou ainda apático e alienado, visão predominante desde o arrefecimento do movimento estudantil. Todavia, diversos autores compartilham a noção de que este não pode ser confundido como uma prática meramente preventiva às diversas situações de risco encontradas como o uso e tráfico de drogas, gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis e os diversos tipos de violência.
Para Antonio Carlos Gomes da Costa, um dos poucos autores a relacionar a educação formal no Brasil e o protagonismo juvenil, a expressão é designada à ”participação de adolescentes atuando como parte da solução, e não do problema, no enfrentamento de situações reais na escola, na comunidade e na vida social mais ampla”. Trata-se de um método pedagógico que atribui ao professor as funções de orientador e se baseia numa “criação de espaços e condições que propiciem ao adolescente empreender ele próprio a construção de seu ser em termos pessoais e sociais”.
Assim como Costa, Escaméz e Gil (2003) acreditam na educação voltada para a responsabilidade individual e social baseada em quatro convicções básicas: 1. autonomia diante das contingências históricas; 2. assumir escolhas; 3. ética e responsabilidade social e ambiental; 4. liberdade para exercer a cidadania. Assim, o protagonismo juvenil é um conjunto de elementos articulados que conduzem à formação de um ser humano pleno.
Como os autores do artigo afirmam, os textos dos estudiosos citados sugerem uma homogeneidade cultural e homogeneidade no interior desses grupos etários, quando é possível observar que há características comuns entre os jovens de uma sociedade, mas também há, sobretudo, diferenças culturais e sociais “possíveis de serem encontradas não apenas entre os jovens de diferentes sociedades, mas também no interior da maioria delas”. Assim, “não faz sentido pensar a adolescência ou juventude como únicas e homogêneas, mas sim em adolescências e juventudes”.
Para aprofundar a compreensão dos contextos e o sentido do protagonismo é essencial esclarecer o conceito de resiliência, originário da física, o termo é encontrado nos textos de Barrientos e Lascano, e de Costa “como a capacidade de pessoas resistirem à adversidade, valendo-se da experiência assim adquirida para construir novas habilidades e comportamentos que lhes permitam sobrepor-se às condições adversas e alcanças melhor qualidade de vida”. Dessa forma, os autores inferem na hipótese de que as proposições relativas ao protagonismo parecem mirar dois grupos: “os jovens pobres na superação da adversidade vivida por eles e suas famílias” e os jovens, não incluídos entre os pobres, aos quais não se aplica o conceito de resiliência, mas por meio de ações voluntárias com objetivo de apoiar os setores empobrecidos tornam-se protagonistas.
Essas ações, entretanto, assim como ações da sociedade civil, valorizam o ativismo privado como solução para superar iniquidades e implicam na possibilidade de desviar um dever do Estado em garantir os direitos aos cidadãos. Neste sentido, os autores citam como exemplo o processo de inserção e manutenção no mercado de trabalho como responsabilidade apenas do indivíduo, sem considerar a situação de desemprego esteja relacionada ao cenário econômico global. Assim, “o protagonismo pode encaminhar a promoção de valores, crenças, ações, etc., de caráter mais adaptativo que problematizador”.É possível inferir ainda que o protagonismo juvenil seja um discurso com objetivo de motivar o adolescente a "sentir-se útil" à mudança social diante da atual descrença na política regida pelo Estado. Além do cenário de corrupção latente, estudiosos como García Canclini (2003) apontam o esvaziamento dos poderes locais pelo fenômeno da globalização e a predominância dos interesses de mercado e, dessa forma, decisões importantes para a sociedade estão num plano fora do controle dos governos e políticas nacionais. A sensação de impotência no indivíduo contemporâneo citada por Hannah Arendt apud Souza (2006, p. 11) como a "incapacidade básica de agir" é rompida pela "busca do espaço público" como possível modelo de ação política proposta no conceito de protagonismo juvenil. Dessa forma, a mudança social resultado da atividade direta do indivíduo anula a política, já que ao ser promovida por um determinado grupo, em muitas situações há objetivos estabelecidos e quantificáveis, atinge um número limitado de pessoas e gera um consenso de que é o caminho para a mudança social, papel que antes cabia à política.
Novaes (2000), entretanto, contesta as críticas de que “as ações de pequenos agrupamentos representantes de microinteresses significaria o fim da política e da democracia”. A autora defende a ação de jovens voluntários não originários dos setores empobrecidos tem uma importante conotação política no sentido de favorecer escolhas pessoais mais solidárias, sendo que na atualidade esta ação é compreendida como algo para obter efeito imediato, definida pelos objetivos e formas de ação e não necessariamente pelo local de atuação.
Neste sentido, as propostas de protagonismo com vistas à instituição e às práticas escolares é reiterada por Costa, ao esclarecer o conceito de educação por projetos que compreende uma metodologia integradora de disciplinas e áreas culturais distintas na qual a participação preponderante deve ser a dos estudantes e aos professores cabe a função de orientar/assessorar conteúdos.
Por fim, os autores alertam a responsabilidade dos professores, pesquisadores e especialistas ao cuidado com a apropriação de abordagens genéricas e abstratas para que o “protagonismo juvenil se afaste de um mero ativismo social – acrítico e apenas psicologicamente compensatório - ou da simples adaptação dos jovens às perversas condições da atual ordem econômica”.Referências bibliográficas (autores citados que não constam no artigo):
GARCIA CANCLINI, Nestor. A globalização imaginada. São Paulo: Iluminuras, 2003.
SOUZA, Regina Magalhães de. O discurso do protagonismo juvenil. São Paulo: USP, 2006. 275 p. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
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COSTA, Antonio Carlos Gomes da. O adolescente como protagonista. Cadernos Juventude. Disponível em: <http://www.adolec.br/bvs/adolec/P/cadernos/capitulo/cap07/cap07.htm>. Acesso em: 25/03/08.
O autor faz uma reflexão sobre as origens do conceito "protagonismo juvenil" ao responder sobre o tipo de jovem queremos formar: autônomo, solidário, competente e participativo. Neste sentido, o educando é o protagonista – ator principal no processo de seu desenvolvimento. O adolescente deixa de ser visto como parte do problema, mas como parte da solução de conflitos reais na escola, na comunidade e na sociedade.
Há um alerta para a importância de que a participação do adolescente seja de fato autêntica e não simbólica, decorativa e manipulada, ou seja, alvo de ações políticas, ou de organizações/pessoas com interesses diversos. Para o autor, a participação é a atividade formadora do ser humano.
A vivência de situações é apontada como o melhor caminho para que educando possa empreender, ele próprio, a construção do seu ser. Para tanto, é vital que o educador esteja emocionalmente envolvido com a causa da dignidade plena do adolescente, além de ter clareza conceitual de sua função como orientador de conteúdos, vontade política e compromisso ético.Por apontar as vivências como o melhor caminho para que educando possa empreender, ele próprio, a construção do seu ser, o autor elenca posturas práticas assumidas pelos adultos ao trabalhar com adolescentes, exemplifica com situações-problema, soluções possíveis, processo de tomada de decisão e conclui que o fundamental é acreditar sempre no potencial criador e na força transformadora dos jovens.
Entretanto, cabe uma reflexão sobre como preparar os educadores para esta função se parte deste contingente formou-se em pleno regime militar e não são estimulados pelas condições de trabalho. Estariam nossos educadores preparados para integrar jovens protagonistas? E o entorno sociofamiliar e comunitário estão preparados para contribuir e oferecer prontamente cenários para a vivência da cidadania? Neste caso, seria o ambiente da Cibercultura ferramenta propícia para divulgação de ideais e ações? De todo modo, sem mencionar a questão do acesso aos jovens em situação de pobreza, num mundo de informações e caminhos possíveis no ciberespaço é necessária uma direção/orientação dos caminhos a serem trilhados por jovens com pretensões ao protagonismo. Ficam as questões: quem dará tais orientações? seriam dos próprios jovens, segundo os conceitos de resiliência?
Não desconsidero a importância do protagonismo juvenil como método pedagógico e como possível aplicação à mudança social do local, mas após as leituras parece-me que são desafios muito maiores que o exposto no texto de Costa.
Resenha de texto de Antonio Carlos Gomes da COSTA. O adolescente como Protagonista Juvenil. Cadernos Juventude (1999).
Na verdadeira ação protagônica, o aluno será ator principal no processo de seu desenvolvimento,ampliando seu repertório interativo de forma ativa e construtiva,tanto no contexto escolar quanto no comunitário: “O aluno deve começar a ser visto como solução,e não como problema”, diz o autor.
De forma solidária,o adolescente se envolveria na solução de problemas reais na escola,na comunidade e na sociedade, emergindo como fonte de iniciativa,liberdade e de compromisso: um quadro de participação genuína no contexto escolar ou sócio-comunitário- o do protagonista juvenil.
Para o pedagogo ,a participação(quando sincera)é uma atividade formadora do ser humano,tanto do ponto de vista pessoal como social, e deve ser vivida em todas as etapas de sua evolução.
Quanto ao professor, na vivência desta pedagogia “já não pode limitar-se à docência. Deve atuar como líder,organizador, animador,facilitador e co-criador de acontecimentos, por meio dos quais o educando possa desenvolver uma ação protagônica”. Para que isso se concretize, é muito importante que haja vontade política,por parte do educador, de contribuir para a formação de uma nova sociedade respeitadora dos direitos de cidadania.
Quatro seriam as etapas deste processo: apresentação da situação –problema ;proposta de alternativas;discussão das alternativas e soluções apresentadas e, finalmente,tomada de decisão .
No trabalho com jovens participativos, caberá ao educador: ajudar o grupo identificar soluções e posicionarem-se diante delas;empenhar-se para que o grupo não desanime nem se desvie dos objetivos propostos; fortalecer os vínculos entre os membros do grupo,não o deixando abater-se pelas dificuldades;motivar o grupo a avaliar ,permanentemente, sua atuação.
Este educador terá ,ainda, que ser conhecedor de seus deveres. Entre eles, ter a consciência de que a participação na solução de problemas reais da comunidade é fundamental para o desenvolvimento pessoal e social de um adolescente e conhecer os fundamentos, a dinâmica e a evolução do trabalho com grupos.
Para Costa, “o fundamental é acreditar sempre no potencial criador e na força transformadora dos jovens”.
Resenha sobre artigo 'Protagonismo Juvenil na Literatura Especializada e na Reforma do Ensino Médio'
No artigo “Protagonismo Juvenil na Literatura Especializada e na Reforma do Ensino Médio”(Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v.34, n122, p.411-423, maio/ago.2004),seus autores resumem definições encontradas na literatura especializada de autores como, por exemplo, Costa, Barrientos, Lascano, Novaes e outros, para verificar como o tema ‘protagonismo’ foi entendido e proposto pelo documento oficial da reforma do ensino médio.
Apesar de a questão da participação ativa dos jovens alunos em sua aprendizagem não ser nova, nos anos 90 foram publicadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio-DCNEM , enfatizando este aspecto, sugerindo agora o termo ‘protagonimo’.
Por terem os jovens de hoje nascido e crescido no contexto social da mudança em curso das chamadas sociedades pós-modernas (pós –industriais), “que produzem simultânea e contraditoriamente a afirmação e a negação de paradigmas”,vários autores da área concordam com a urgência de uma ‘moderna cidadania’.
Neste novo tempo, o adolescente classe média /alta passaria de problema para solução de problemas pontuais, como realizar ações na maioria das vezes voluntárias, tornando-se protagonista.Os alunos mais pobres desenvolveriam ações na perspectiva da “resiliência”, subentendido pelos autores citados como a capacidade das pessoas resistirem à adversidade, valendo-se da experiência assim adquirida para construir novas habilidades e comportamentos que lhes permitam sobrepor-se às condições adversas e alcançar melhor qualidade de vida.
A nova cidadania seria um combate ao advento das sociedades pós-industriais. Na prática,ela poderia resultar em boas ações, mas também despolitizar o olhar do aluno sobre as determinações da pobreza e sua manutenção.
Escamez e Gil (2003) falam em formação ética , moral e cidadã ; Costa lança apenas para o futuro a possibilidade de um posicionamento político do jovem. Novaes também é criticada no texto por vincular o protagonismo a ações sociais de caráter imediato.
Para os autores deste artigo, a questão é saber até que ponto a educação para a nova cidadania, sob pretexto de salvação dos efeitos negativos do pós-industrialismo, seria realmente efetiva num contexto de realidades tão desiguais como o nosso .O casamento entre os conceitos de protagonismo juvenil na literatura especializada e entre este mesmo conceito nos documentos oficiais gerou um discurso híbrido, no qual haveria“ apropriações de discursos dentro de contextos diferentes daqueles que foram produzidos.... Enviesando sutilmente os significados originais, embaralha os campos político-ideológicos e confunde a crítica”.
Resenhas "Protagonismo juvenil na literatura especializada e na reforma do Ensino Médio" e "O adolescente como protagonista"
aqui estão as minhas resenhas. Achei bastante interessante a forma como os textos se complementam. Fiquei com vontade de ler os outros autores analisados no primeiro texto.
Bom fds.
Ferreti, Celso J., Zibas, Dagmar M. L., Tartuce, Gisela Lobo B. P. Protagonismo juvenil na literatura especializada e na reforma do Ensino Médio. Cadernos de Pesquisa, v. 34, n. 122, p. 411-423, maio/ago 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/v34n122/22511.pdf>
Os autores fazem uma revisão bibliográfica sobre o conceito “protagonismo juvenil” a fim de analisarem as diferentes interpretações existentes e compararem a proposta de protagonismo dos documentos oficiais de educação.
Antes de entrarem na discussão propriamente dita, Ferretti et al trazem um breve panorama histórico da participação ativa dos alunos no Brasil no século 20, lembrando o início deste discurso nos anos 20 e 30, os grêmios estudantis da década de 60, os conselhos escolares, com participação de pais e alunos, nos anos 80 e a valorização dessa participação nos anos 90, com a emissão de documentos oficiais que “que explicitaram e valorizaram essa participação, argumentando que é por meio dela que cada unidade escolar democratiza sua gestão e cumpre efetivamente sua função, tornando-se um espaço pedagógico atraente e desafiador para os jovens, de modo a favorecer seu progresso intelectual, social e afetivo, e, ainda, um espaço democrático, confiável e culturalmente rico para pais e para a comunidade, com vistas a um intercâmbio fecundo entre a escola e o seu entorno.”. Ressaltam também que o uso do termo ”protoganismo” está sempre ligado ao jovem, e “participação” é o termo preferido para referências à participação ativa dos pais.
Outro ponto levantado no texto é a importância de se considerar as transformações sociais, culturais e econômicas nas sociedades pós-modernas e o impacto que elas causam nos adolescentes e jovens de hoje.
Uma importante constatação nessa revisão diz respeito às diferentes interpretações do conceito protagonismo juvenil. Não há uma distinção conceitual entre “participação” e “protagonismo” Os termos confundem-se e muitas vezes são usados como sinônimos. Entretanto, os autores identificam expressões, presentes em textos dos diversos estudiosos, como “ação cidadã”, usadas para “nomear e discutir o envolvimento de jovens em seu contexto escolar, social e/ou político.”
Os autores fazem um apanhado dos diversos significados dados pelos autores estudados ao termo Protagonismo juvenil, e destacam os textos de Costa (2001) e Escámez e Gil (2003), que têm pontes de vista bastante semelhantes.
Ferretti et al não discordam desses pontos de vista, mas eles chamam a atenção para a avaliação um tanto simplista dos autores citados, que não contempla as heterogeneidades existentes. Para defenderem uma outra visão, os autores citam e analisam Barriento e Lascano e o conceito de resiliência – “a capacidade de pessoas resistirem à adversidade, valendo-se da experiência assim adquirida para construir novas habilidades e comportamentos que lhes permitam sobrepor-se às condições adversas e alcançar melhor qualidade de vida.”.
A partir da relação entre protagonismo e resiliência, os autores discutem a questão econômica e como o protagonismo pode ser entendido e trabalhado com adolescentes pertencentes aos dois grupos: os não-pobres, que poderiam realizar ações voluntárias e os pobres, que poderiam realizar ações na perspectiva da resiliência. Esse enfoque vai ao encontro da posição defendida pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal, 1992), para quem “a formação de todos os jovens (e não só dos trabalhadores para os setores de ponta) deveria contemplar as competências necessárias para que se pudessem defrontar com a face “inescapável” e perversa da “irreversível” transformação da economia capitalista,agora hegemônica, assim como com o também “irreversível” advento das sociedades
pós-industriais.”
Ferretti et al analisam também a postura defendida nos textos estudados em relação à participação de jovens e adolescentes em ações solidárias, ressaltando os perigos que podem ocorrer com a promoção de valores e premissas políticas. Eles ressaltam também que a associação a ações de caráter social não é “definido necessariamente pelo local de atuação, mas pelos objetivos e formas de ação”.
Os autores voltam à questão do protagonismo e práticas escolares analisando as ponderações de Costa e retomando os conteúdos propostos nos PCNS e DCNEM. A partir dessa análise eles mostram as afinidades existentes entre os autores estudados e o discurso dos documentos oficiais sobretudo no que diz respeito “à participação dos jovens e a pedagogia ativa no desenvolvimento das atividades voltadas para a construção de conhecimentos e valores, pois, tanto em um caso como em outro, o foco de tais atividades passa a ser o jovem, cabendo ao professor mais a função de orientar do que de ensinar.”
Ferretti et al terminam a revisão bibliográfica enfatizando à noção de hibridismo dos discursos, seus pontos positivos e os perigos que existem no processo e lembrando a importância do papel de professores, pesquisadores e especialistas na promoção do protagonismo juvenil.
Costa, Antonio Carlos Gomes da. O adolescente como protagonista. Cadernos Juventude. Disponível em: <http://www.adolec.br/bvs/adolec/P/cadernos/capitulo/cap07/cap07.htm>. Acesso em: 25/03/08.
Em “O adolescente como protagonista”, Antonio Carlos da Costa faz um tratado sobre o protagonismo juvenil, discorrendo principalmente sobre as funções do educador e sobre as expectativas em relação ao desenvolvimento dos educandos.
Costa começa o texto trazendo o significado etmológico da palavra protagonismo -
“proto, que significa ‘o primeiro, o principal’; agon, que significa ‘luta’. Agonistes, por sua vez, significa ‘lutador’. Protagonista quer dizer, então, lutador principal, personagem principal, ator principal.”, que irá permear todo o seu discurso.
Após essa pequena introdução, o autor faz uma explanação sobre as ações e posturas esperadas no trabalho do educador. Costa afirma que “mais do que ministrar aulas, ele deve atuar como líder, organizador, animador, facilitador, criador e co-criador de acontecimentos, por meio dos quais o educando possa desenvolver uma ação protagônica.” Além dessas atitudes, o autor relembra as posturas comumente assumidas pelos educadores ao trabalhar com adolescentes, que vão desde o anúncio aos jovens de decisões já tomadas, passando pela pequena participação do grupo na decisão até a decisão tomada pelo grupo, sem inferferência do educador. De forma bastante didática, mas pouco aprofundada, Costa esquematiza as etapas comumente presentes no trabalho com um grupo de adolescentes empenhados em decidir, a partr de uma ação protagônica: apresentação da situação – problema; propostas de alternativas ou vias de solução; discussão das alternativas de solução apresentadas e tomada de decisão. Seguindo a mesma esquematização, o autor elenca as funções que um educador deve ter para a formação de protagonistas juvenis e destaca que, para desenvolver o papel de animador de grupos de adolescentes em ações de protagonismo, o educador deverá conhecer o grupo em que trabalha, compreender o projeto, acreditar na importância da ação e principalmente “acreditar sempre no potencial criador e na força transformadora do jovens.”
sexta-feira, 28 de março de 2008
protagonismo juvenil na literatura resenha luciana
Resenha, feita por Luciana Rodrigues, de texto de autoria de CELSO J. FERRETTI, DAGMAR M. L. ZIBAS e GISELA LOBO B. P. TARTUCE publicado no Cadernos de Pesquisa, v. 34, n. 122, p. 411-423, maio/ago. 2004.
O tema PROTAGONISMO JUVENIL pode-se prestar às mais diversas interpretações por ser“reconhecidamente fluído e multifacetado, carregado de significado pedagógico e político, o que o torna um potencial catalisador de conflitos e, portanto, um fértil objeto de estudo” nas palavras dos autores. Por isso algumas definições se tornam fundamentais para aplicarmos às questões práticas, como a reforma curricular do ensino médio, e é essa a preocupação manifestada pelos autores, membros do Departamento de Pesquisas Educacionais da Fundação Carlos Chagas em um artigo derivado de uma pesquisa financiada pela Organização dos Estados Ibero-Americanos – OEI –, que focalizou a reforma do ensino médio mediante estudos de caso realizados em cinco escolas de dois estados, São Paulo e Ceará.
Para facilitar a compreensão do tema os autores traçam um panorama histórico sobre a questão. Nas décadas de 1920 e 1930 do século passado diversos teóricos da educação adotaram o pensamento de Dewey no discurso da participação estudantil. Desde a década de 1960 aS emergentes mobilizações dos estudantes se deram via instituições como grêmios estudantis. Houve, também, a criação dos conselhos escolares (em alguns locais desde a década de 1980), que agregava alunos a pais e mestres.
Todavia foi principalmente a partir dos anos de 1990 que se oficializou um interesse estatal na valorização da participação juvenil nas unidades escolares, como forma de democratizar suas gestões e torna-las locais atrativos para jovens crescerem como indivíduos e cidadãos, se inserindo social e culturalmente. As escolas passaram a ser vistas como espaços de intercâmbio, democráticos, ricos e confiáveis à comunidade, nela incluídos os pais. Nesse contexto, de interesse público, é que surge o termo protagonismo.
Os autores chamam a atenção que sempre são os jovens os “protagonistas” nos documentos oficiais, raramente os seus pais, tratados como simples partícipes desse processo. Ao concentrar todo
o protagonismo nos jovens/alunos, como proposto pelos documentos da reforma do ensino, e veiculado por diversos autores, ignorou-se certos fenômenos contemporâneos, que estão mutuamente imbricados, criticam os três autores: “Desenhando-se no decorrer da segunda metade do século XX, eles se afirmam no século XXI: as transformações sociais e culturais que configuram as chamadas sociedades pós-modernas ou pós-industriais, as profundas mudanças que ocorrem no campo do trabalho”
As mudanças substanciais ocorridas no processo de trabalho, que afetaram profundamente toda a sociedade e suas crenças ideológicas, sobre o trabalho, escola e vida, que parecem historicamente distantes das vivências dos jovens e adolescentes de hoje, certamente acabam por ser experimentadas por eles como novas, como o desemprego de amigos e familiares. Paralelamente surgem outras experiências inéditas, como o contato com a informática, que acabam por criar novas formas dentitárias e comportamentais, que não podem ser ignoradas por qualquer estudo sobre o tema.
Essas situações combinadas, salientam, acabam por gerar a urgência da criação de meios que, sistematicamente, permitam a formação de consciência e fomentem atuações cidadãs nesses jovens, a fim de se tornarem sujeitos no mundo contemporâneo, em uma “moderna cidadania”, que não só responda a exigências sociais mas, sobretudo, as angústias geracionais diante do contexto pós- moderno de efemeridades, desafios e novas configurações de trabalho.Essa seria uma forma de enxergar o protagonismo: como uma via que permite responder a essa urgências.
Todavia vê-lo dessa forma não encerra a definição do termo “protagonismo”. Ele continua a se prestar a diversas interpretações, sendo constantemente confundido com “participação” (usada muitas vezes como sinônimo), “responsabilidade social”, “identidade” e “autonomia”.
Os autores notam que o termo “participação” é usado muitas vezes em um conceito mais amplo como se “protagonismo” se referisse a uma atitude pessoal em detrimento de uma coletiva.
A despeito de como a literatura lida com os diferentes termos e suas vertentes o fato é que as obras parecem compartilhar do uso da expressão “ação cidadã” como forma de “nomear e discutir o envolvimento de jovens em seu contexto escolar, social e/ou político” nas palavras dos autores do texto. Também há mais um ponto em comum: a negação de que o protagonismo seja confundido com um discurso de prevenção quanto ao que seriam comportamentos típicos indesejáveis dos adolescentes, tais como drogas e gravidezes precoces, entre outros.
Poucos são os autores que ligam o protagonismo com a educação formal, como Gomes da Costa. O protagonismo, para esse estudioso, baseado em uma pedagogia ativa, seria a dos adolescentes participando de forma a enfrentar situações reais não só na comunidade e na vida social, mas na própria escola. Os autores notam que essa visão minimiza a dimensão do ensino e restringe o professor ao papel de orientação para o ator principal do processo, o aluno, que seria a fonte da iniciativa, da liberdade e da responsabilidade.
Ainda no foco da educação os autores Escaméz e Gil, que publicaram La Educación en la Responsabilidad, expressam quatro convicções: 1- todos têm dignidade e valor inestimável, podendo tornar-se autônomos e, como tal, assumir responsabilidades diante das contingências históricas; 2- o futuro não está pré- determinado, pois os caminhos da vida material, social e cultural são construções históricas e cada um é pessoalmente responsável por suas escolhas e decisões; 3- Todas as nossas escolhas afetam a nós e aos demais, então devemos assumir compromissos vitais como os outros, principalmente pelos fracos, excluídos e natureza; 4- Os estudantes devem ser educados para que exerçam uma cidadania responsável.
Isso esclarece vários aspectos do que para os autores seria o protagonismo juvenil.
Não há como negar que esses pressupostos são fundamentais para qualquer processo educacional que vise a formação de um ser humano pleno, entretanto, alertam os três articulistas, a maioria das teorias em torno do tema tem visões de homogeneidade cultural e homogeneidade etária:
Tanto uma quanto outra inferência parecem pouco compatíveis com o que se pode observar empiricamente, pois, se há características comuns entre todos os jovens de diferentes sociedades, é preciso atentar para a imensa variação de condições de vida, de trabalho, de educação, de poder aquisitivo, bem como para os diferentes valores, costumes, crenças etc., possíveis de serem encontrados não apenas entre jovens de diferentes sociedades, mas também no interior da maioria delas. Tais heterogeneidades obrigam a admitir que, da mesma forma que não se pode generalizar as chamadas mudanças inerentes à “era pós- industrial” para toda e qualquer sociedade ou para todos os segmentos de uma mesma sociedade, também não faz sentido pensar a adolescência ou a juventude como únicas e homogêneas. (FERRETTI, ZIBAS e TARTUCE: 2004)
Eles questionam como podemos discutir a relação entre protagonismo e educação tratando os termos de forma genérica e abstrata, e fazem um alerta: sem ancoragem nas materialidades históricas pode-se facilmente descambar para idealizações, simplificações ou confusões sobre os sujeitos individuais e sociais e sobre as ações a eles relacionadas, como se nota na literatura que analisam, exceto no que concerne o conceito de RESILIÊNCIA.
Em Barrietos e Lascano e em Gomes da Costa o termo resiliência é explicitado, estando subtendido nos demais. Explicam os autores;
Resiliência” significa a capacidade de pessoas resistirem à adversidade, valendo-se da experiência assim adquirida para construir novas habilidades e comportamentos que lhes permitam sobrepor-se às condições adversas e alcançar melhor qualidade de vida. O conceito se aplica a
ações que visam o combate à pobreza, tendo por alvo principalmente as crianças e suas mães. (FERRETTI, ZIBAS e TARTUCE: 2004)
O cerne do protagonismo juvenil estaria na resiliência dos adolescentes e jovens pobres para superarem as adversidades vividas por eles e seus familiares e na sensibilização e ação de jovens de classe média em relação a setores desfavorecidos da sociedade.
Se para esses últimos, porém, não se aplica o conceito de resiliência, qual o protagonismo caberia a eles, tão distantes das vivências sociais, econômicas e culturais dos setores empobrecidos? Eles deveriam ser conquistados, sensibilizados, para realizarem ações sociais?
Nessa perspectiva os pesquisadores informam e alertam:
Esse enfoque alinha-se às proposições da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe – Cepal (1992), segundo as quais a formação de todos os jovens (e não só dos trabalhadores para os setores de ponta) deveria contemplar as competências necessárias para que se pudessem defrontar com a face “inescapável” e perversa da “irreversível” transformação da economia capitalista, agora hegemônica, assim como com o também “irreversível” advento das sociedades pós-industriais. Daí a proposição da “moderna cidadania”, tendo em vista um capitalismo “mais humano”, no qual a eqüidade e a democracia sobrepor-se-iam à exploração – ou à “competitividade espúria”, como denominada eufemisticamente no documento da Cepal –, em nome do desenvolvimento sustentado (Ferretti, 2003). Essa forma de encarar e promover a participação de jovens e adolescentes abre, potencialmente, perspectivas para ações solidárias e meritórias diante das necessidades imediatas da população e dos próprios jovens. Entretanto, carrega consigo a possibilidade de despolitizar o olhar sobre as determinações da pobreza e sua manutenção, desviando o foco das preocupações do debate político e social sobre tais determinações para o da ação individual ou coletiva, com vistas a minorar, de modo funcionalista, “os aspectos negativos do pós-industrialismo”, designação eufêmica para os desdobramentos sociais e econômicos da atual fase do capitalismo mundial. Nesse sentido, apesar do teor de questionamento das decorrências negativas do “pós-industrialismo”, o protagonismo pode encaminhar a promoção de valores, crenças, ações etc. de caráter mais adaptativo que problematizador. (FERRETTI, ZIBAS e TARTUCE: 2004)
Essa visão assume ares de simples assimilação, conceito que parece vir de encontro a qualquer tipo de protagonismo, além de transferir para a sociedade civil responsabilidades que deveriam ser do Estado, o que os autores consideram uma situação perversa e dispersiva, aonde caberia a grupos e indivíduos atuarem em defesa de seus microinteresses, significando o fim da política “e portanto, o fim da democracia”.
Então o protagonismo ou a participação social, ligados as ações de grupos religiosos, comunitários, ONGs, estariam não necessariamente orientados pelo local de atuação, mas pelos objetivos e formas de ação.
Essa “cidadania coletiva” a que se refere Gomes da Costa seria a dos movimentos sociais identitários, atuando em defesa dos interesses das categorias sociais historicamente excluídas. A escola seria importante ponto de irradiação e exercício do protagonismo juvenil.
Nos elementos centrais das DCNEM- Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, se encontram vários dos conceitos hasteados pelos autores, principalmente na parte da educação para a cidadania, sendo o Humanismo o componente principal de aproximação com o protagonismo. Esse humanismo, alicerce da reforma, seria a forma de evitar o esgarçamento social gerado pelo pós- industrialismo e seus efeitos.
A aprendizagem humanista propicia que os estudantes se constituam como sujeitos autônomos, prontos para as mudanças e com práticas solidárias que visem a superação da segmentação social. Nessa fé de que os alunos possam realizar essas transformações, destacam os autores, repousa, mais uma vez, o conceito de resiliência, em uma afinidade entre o documento DCNEM e a literatura estudada, tendo o “paradigma do desenvolvimento humano” como referência para o protagonismo juvenil.
Para concluir os autores notam que os conceitos de que trata essa literatura foram tantas vezes retrabalhados e recontextualizados, em um “inferno semântico” que estudos e críticas se tornam muito difíceis.
No caso do protagonismo, como vimos, os discursos dos diversos autores estudados e dos documentos oficiais advogam, de um lado – tal como faz a maioria dos educadores –, a necessidade de desenvolvimento do ser humano completo, para além das necessidades da produção, aberto à diversidade cultural de seu tempo e às responsabilidade sociais. A defesa dos métodos ativos, da contextualização dos conteúdos disciplinares e de um certo nível de integração de tais conteúdos, de modo que façam sentido para os jovens, também podem aproximar esses discursos dos objetivos de educadores progressistas.
Por outro lado, os mesmos discursos afirmam a irreversibilidade dos “efeitos negativos da era pós-industrial”, orientam a despolitização da participação juvenil e fazem um apelo à adaptação à nova ordem mundial e à superação individual da segmentação social. Para diversos analistas, é essa face conservadora e economicista do discurso do protagonismo que prevalece nas diretrizes curriculares. . (FERRETTI, ZIBAS e TARTUCE: 2004)
O que fazer, então? É atuar para que o protagonismo juvenil não seja esvaziado frente a essa quantidade de discursos e definições, passando a ser (mais ) uma palavra de ordem ao vento. Cabe a nós, educadores, pesquisadores, especialistas, ao contribuir para o protagonismo juvenil, estando atentos e combatendo distorções e armadilhas, como o da assimilação acrítica e meramente compensatória do ativismo ou da simples adaptação dos jovens às cruéis condições socioeconômica em que vivem.
Bibliografia utilizada por FERRETTI, ZIBAS e TARTUCE em seu trabalho:
BARRIENTOS, G.R.; LASCANO, R.E. Informe sobre “protagonismo infantil”. Fortaleza, 2000.
Disponível em:
2003.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio. Brasília, 1998.
COMISSÃO ECONÔMICA PARA A AMÉRICA LATINA E O CARIBE. Orealc. Educación y
conocimiento: eje de la transformación productiva com equidad. Santiago de Chile, 1992.
COSTA, A. C. G. Tempo de servir: o protagonismo juvenil passo a passo; um guia para o
educador. Belo Horizonte: Universidade, 2001.
ESCÁMEZ, J.; GIL, R. O Protagonismo na educação. Porto Alegre: Artmed, 2003.
FERRETTI, C. J. A Reforma do ensino médio: uma crítica em três níveis. Revista Linguagens,
Educação e Sociedade. Teresina: UFPI, n.9, p.41-49, jan./dez.2003.
FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M. Educar o trabalhador cidadão produtivo ou o ser humano
emancipado? São Paulo: IIEP – Intercâmbio, Informações, Estudos e Pesquisas, 2002. (mimeo)
GUEHENNO, J. M. O Fim da democracia. São Paulo: Bertrand Brasil, 1994.
KONTERLINIK, I. La Participación de los adolescentes: exorcismo o construcción de
ciudadania? Disponível em:
NOVAES, R. Juventude e participação social: apontamentos sobre a reinvenção da política.
In: ABRAMO, H.W.; FREITAS, M.V; SPOSITO, M.P. (orgs.) Juventude em debate. São Paulo:
Cortez, 2000. p.46-69.
SHIROMA, E. O.; CAMPOS, R. F. Qualificação e reestruturação produtiva: um balanço das
pesquisas em educação. Educação e Sociedade. Campinas, v.18, n.61, p.13-35, dez.1997.
[número especial.]
TIRAMONTI, G. Modernización Educativa de los 90. Buenos Aires: Flacso; Temas Grupo
Editorial, 2001.
ZIBAS, D. M. L. (coord.); FERRETTI, C. J.; TARTUCE, G. L. B. P. O Protagonismo de alunos
e pais no ensino médio: cinco estudos de caso. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 2004.
quinta-feira, 27 de março de 2008
resenha do texto de Antonio C. Gomes da Costa
Resenha sobre o texto de Antonio Carlos Gomes da Costa
por Luciana Rodrigues
De saída o autor do texto, como pedagogo atuante de diversas instituições internacionais ligadas à questão da juventude, define que o principal objetivo na formação do jovem seria o de torná-lo autônomo, solidário, competente e participativo, ou seja, um verdadeiro PROTAGONISTA.
Mas que protagonista? Seria o lutador, o ator principal, o personagem principal pois, como o autor explica, o termo surge da junção de duas raízes gregas: “´ proto, o primeiro, o principal´ ; agon, que significa luta´”
Então esse jovem educando, seria o “ator principal” da execução do ato de educar, nesse ato ele adquiriria e ampliaria o seu repertorio interativo e, por conseguinte, sua capacidade de agir de forma emancipadora, não só para si mas para o meio em que está inserido, contribuindo de forma solidária para solução dos problemas em sua escola e comunidade.
Um transformador deve ser visto como uma solução e não um problema, ou seja, o primeiro passo é mudarmos a nossa visão sobre os adolescentes, agindo de acordo com essa premissa.
O protagonismo juvenil pressupõe um quadro de participação, individual ou em grupo, para resolução de problemas reais no contexto escolar e sócio- comunitário, junto com seus educadores. E não se trata aqui de simples movimentação, mas de uma participação efetiva, fruto de sua iniciativa, liberdade e compromisso, sob pena de tornar-lo mero objeto e não sujeito consciente de seu papel e de seus atos. Deve-se, portanto, descartas quaisquer manipulações que podem comprometer, para sempre, a capacidade pessoal e social do jovem.
Se faz preciso criar espaços onde as práticas e vivências do educando sejam a fonte e que o educador não se limite a ministrar suas aulas. Para Gomes da Costa o educador deve: “atuar como líder, organizador, animador, facilitador, criador e co-criador de acontecimentos, por meio dos quais possa desenvolver uma ação protagônica.”
O educador precisa firmar com o adolescente, assim, um compromisso político e ético de respeito, onde o educando terá papel criativo na ação educativa em todos os seus momentos. Trata-se de uma parceria, inclusive emocional, sem posturas autoritárias por parte dos adultos, que visa a construção de uma sociedade mais justa e democrática.
O autor do texto elenca algumas posturas autoritárias comuns aos adultos, que vão de encontro à participação plena dos jovens, São elas: tomar decisões prévias, anunciando-as apenas para que os jovens as acatem ou acreditem ser deles a decisão, cabendo, em alguns casos, aos jovens apenas discuti-las. Colocar os problemas, colher as sugestões, e depois decidir sozinho ou utilizar apenas o auxílio do grupo para tomar sua própria decisão. Ou o educador permitir aos jovens tomarem decisões dentro de certos limites por ele impostos ou sem interferir no processo que a originou.
Em contraposição as posturas acima descritas Gomes da Costa propõe algumas etapas para trabalhar com grupos de adolescentes, que partiria de uma apresentação real do problema de forma desafiante, buscando junto ao grupo o maior número de alternativas de soluções possíveis para que, a seguir, sejam discutidas com liberdade e isenção quanto a quem as apresentou. Na etapa seguinte, de tomada de decisão, se buscaria um consenso em torno das alternativas viáveis e consistentes, evitando decisões por maioria. Ao educador caberia acompanhar esse processo, atuando para animar o grupo e orientar para que não se dê um desvio de objetivos ou dispersão do grupo, motivando os laços e estimulando auto- avaliações.
Para concluir o texto demonstra que, se esse educador quiser de fato atuar de forma efetiva no processo de protagonismo juvenil, deve ter consciência de que é essencial ao desenvolvimento do adolescente sua participação na solução de problemas reais na sua comunidade; deve conhecer os fundamentos dessa atuação, compreender e respeitar os jovens, como coletividade e como identidade individual, em seus comportamentos diversos, inclusive os não verbais, sabendo administrar suas oscilações e não ser autoritário em suas opiniões e atitudes.
Se lermos O ADOLESCENTE COMO PROTAGONISTA como um guia para atuarmos junto aos jovens certamente sentiremos falta de várias questões, entretanto se o entendermos como um convite à reflexão e à atuação certamente veremos nele muitos méritos, pois quem de nós já não se colocou como O Protagonista frente aos jovens, limitando-os a meros espectadores ou, no máximo, a auxiliares de nossas decisões?
A derradeira lição colocada é: enquanto não acreditarmos no potencial criador e transformador dos jovens nas escolas e nas comunidades não estaremos contribuindo para a solução os problemas que se apresentam. No Acreditar devemos ir além: os educadores devem colaborar pedagogicamente, sem práticas autoritárias, na construção desse protagonismo, nesse “jovem solidário, autônomo, competente e participativo”, como bem define o autor.
quarta-feira, 26 de março de 2008
Textos para próxima aula_Conceito de protagonismo cultural
Alguém comentou na aula que sentiu dificuldade para fazer o download de um dos textos (eu mesma consegui o texto impresso com a Cris).
Tentei agora novamente e lá vai:
Antonio Carlos Gomes da COSTA. O adolescente como protagonista juvenil. Cadernos Juventude. Disponível em: <http://www.adolec.br/bvs/adolec/P/cadernos/capitulo/cap07/cap07.htm>. Acesso em: 26 mar. 2008 (agora mesmo).
Celso J. Ferreti, Dagmar L. Zibas e Gisela Lobo B. P. Tartuce. O protagonismo juvenil na literatura especializada e na reforma do ensino médio. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v.34, n.122, p.411- 423, maio/ago.2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/v34n122/22511.pdf>
Já li e percebi que são textos de fácil leitura (isto ainda não é fichamento, ok?!). Comecei pelo Antonio Carlos Gomes da Costa que já conhecia um pouco e fiquei com alguns questionamentos sobre as origens do conceito, intenções políticas, etc., mas o segundo texto FERRETI, ZIBAS e TARTUCE é tão bom que respondeu as minhas dúvidas.
Sugiro também a leitura da tese "O discurso do protagonismo juvenil" (o link e referência estão na seção Extra-Classe) - não li toda a tese, mas vi que é bem interessante para quem deseja aprofundar um pouco mais no assunto - ah, no anexo há informações da ONG Cidade Escola Aprendiz, organização em que a Fernanda Salles trabalha.
Não esqueçam de postar os fichamentos/resumos/resenhas no sábado, ok?!
Bjs,
Elisangela
Qual é a música?
Como vimos na segunda parte do livro Cibertultura, Lévy aborda as novas formas artísticas e a música techno é uma delas.
Após a aula de ontem, lembrei de uma música bem brasileira que parece ter relação com o tema: "Pela Internet", de Gilberto Gil. Para descontrair um pouco, coloquei uma nova seção (ao lado) com o nome "Qual é a música?" com a letra e vídeo desta música - divirtam-se!
Bjs,
Elisangela
PS: ainda bem que a primeira edição do livro de Lévy é de 1997 e ele não conhecia o Funk brasileiro! (Crééu - cruz credo!!!)
terça-feira, 25 de março de 2008
resumo da Renata Sant´Anna
1º. semestre 2008.
Prof. Dr. Edmir Perroti
Resumo de Renata Sant’Anna
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
Pierre Levy apresenta questões relativas ao surgimento e crescimento do ciberespaço, resultante do desejo dos jovens em experimentar novos meios de comunicação,bem como as transformações decorrentes desse novo meio de comunicação, nos planos econômicos, político, cultural e humano. Levy, aponta que a Internet, tem, potencialmente, características positivas, apesar de não ser a solução para “todos os problemas culturais e sociais do planeta” e de trazer desafios relacionados ao mau uso desse espaço de comunicação, afirmando que cabe à nós o reconhecimento das mudanças causadas por essa nova rede e a exploração de suas possibilidades.
O autor pede aos leitores que “permaneçam abertos, benevolentes, receptivos em relação à novidade” (Internet) e que pensemos criticamente sobre as “implicações culturais da cibercultura em todas as suas dimensões” (LEVY, 1999, p. 12), independentemente do seu uso comercial e do fato de que o acesso ainda seja restrito a poucos.
Segundo ele, ainda que restrito a poucos, o novo canal de comunicação,propicia a produção e difusão de saberes, troca de conhecimentos, organização de debates, cooperação entre diferentes nações e culturas, idades e sexo, construindo um fluxo infinito de informações e relações humanas alimentadas pelos seus usuários.
Esse fluxo infinito é nomeado pelo autor de “dilúvio informacional” (LEVY, 1999, p.14) e comparado ao dilúvio bíblico, fornecendo uma imagem de nossa nova condição de navegantes. Segundo Levy, não há como construirmos uma única arca diante de tal dilúvio. Não haverá um lugar onde essa arca repousará e o “dilúvio informacional jamais cessará.” (LEVY, 1999, p.14). Resta aos navegantes do ciberespaço, aceitar esse oceano digital de informações e a possibilidade de construir não apenas uma arca, como fez Noé, mas várias arcas com diferentes seleções.
Esse oceano de informações e as inúmeras possibilidades que esse infinito espaço de comunicação oferece, propiciam novas manifestações culturais baseadas em um “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas,de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (LEVY, 1999, p.XX).
Após introduzir suas definições de ciberespaço e cibercultura, Pierre Levy aborda as condições que esse novo espaço traz para o desenvolvimento humano e suas implicações culturais, defendendo a tese de que a Internet, a interconexão mundial de computadores, não é a solução para os problemas mundiais, mas uma ferramenta , uma mídia que, diferentemente do telefone, televisão, rádio, entre outras que ele situa como sendo uma produção “um para todos”, possibilita a interação “todos com todos”. O autor aponta como uma das diferenças entre os meios de comunicação anteriores e o ciberespaço, que este não é apenas um lugar de consumo de informações, mas de participação em um processo de “inteligência coletiva”. Inteligência coletiva definida como “uma inteligência variada, distribuída por todos os lugares, constantemente valorizada, colocada em sinergia em tempo real, que engendra uma mobilização otimizada das competências. Citando, ainda, o autor – “a finalidade da inteligência coletiva é colocar os recursos de grandes coletividades a serviço das pessoas e dos pequenos grupos.”
Diante desse fluxo do saber, proporcionado pela inteligência coletiva, o autor aponta as mudanças necessárias no processo de educação e formação oriundas dessa nova relação com o saber. Entre elas, a transformação do papel do professor, de fornecedor direto de conhecimentos para “animador da inteligência coletiva de seus grupos de alunos” (LEVY, 1999, p. 171). Trata-se , segundo o autor, de encontrar uma pedagogia que compreenda ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletiva em rede.
Assim, o livro aponta as novas relações de produção e troca de saber e os aspectos positivos e negativos diante do desenvolvimento das tecnologias, suas implicações culturais, sociais e políticas. Apresenta um panorama bastante otimista dessas inovações e de suas possibilidades de transformação da humanidade, ainda que a grande maioria esteja desconectada não apenas do ciberespaço, mas de uma das ferramentas essenciais da condição de conhecer e produzir conhecimento: a palavra escrita.
ESTRATÉGIA DA DECEPÇÃO_resenha de luciana rodrigues
Resenha de Luciana Rodrigues sobre obra ESTRATÉGIA DE DECEPÇÃO de Paul Virilio. Ed. Estação Liberdade, 2000
No ano de 2000 o filósofo francês Paul Virilio lançou um livro considerado por muitos como uma visão premonitória do que vulgarmente chamamos de “O 11 de setembro”, onde mostrou que os novos conflitos militares deslocaram-se do estado da ação para o estado da decepção, caracterizado pelo automatismo de nefastos procedimentos industriais e científicos que podem vir a prescindir de qualquer escolha política.
Estratégia da Decepção possui quatro crônicas bastante perturbadoras, que chamam a atenção para um momento ímpar de transição mundial, marcado por informações da região do Afeganistão captadas exclusivamente por satélites, como campo de testes para novos métodos, industriais, científicos e, fundamentalmente, militares, dos Estados Unidos da América, que não deixam espaço para dúvidas, para quaisquer países, sobre a sua superioridade.
Tais ações de guerra foram envoltas em um manto humanitário, mesmo que contra deliberações da ONU, para “libertar” os Bálcãs e o Afeganistão das práticas terroristas de seus governos, mesmo que os maiores prejudicados fossem, como se deu, os próprios kosovares e os afegãos, como demonstra o autor, invertendo o amplamente divulgado pelos EUA na mídia internacional. Ele destaca:
Quando a arquitetura das leis de salvaguarda se transforma em ameaça é difícil acreditar imediatamente na desqualificação- no estado flagrante- de jurisdições que são a herança de uma ordem estabelecida já antiga. Nos Bálcãs já não se tratava, para os Estados Unidos, de instaurar a guerra justa, mas uma guerra legítima, ou até legalista- em função dos interesses da última superpotência do mundo e de sua supremacia absoluta, principalmente nos domínios da vigilância e da informação por meio de satélites. (VIRILIO, 2000: 80)
A primeira etapa dessa mudança de contexto seria a da existência de armas nucleares nas mãos de duas grandes potências, o que coibia os estados de exercerem práticas que pudessem levar a conflitos em grandes proporções. A nova realidade mundial, ao contrário da bipolaridade dos blocos, sinaliza para a existência de um só estado, cuja hegemonia se vale essencialmente das informações de desenvolvimento de tecnologias militares e informação de controle de satélites, como seu maior trunfo.
A Guerra dos Bálcãs seria, então, um marco do que Virilio denominou Information warfare, um conflito militar informacional, em substituição ao Eletric warefare, o conflito militar eletrônico como o que se deu no Iraque.
A guerra da informação seria a soma dos, já usados, mísseis teleguiados às novas informações de satélites, transmitindo imagens dos locais, identificação de movimento de tropas e dos armamentos utilizados.
A guerra das imagens, típica da Guerra do Golfo, se tornou obsoleta em Kosovo, substituída pelo que o autor chama de “policiamento de imagens”. Esse policiamento, que causou panes em redes elétricas, vitimou a rede de televisão iugoslava e minou as comunicações do governo sérvio com a população, também trouxe aparelhos de radiodifusão capazes de se comunicar diretamente com essa mesma população.
Paul Virilio salientou que a acusação feita pela Organização do Tratado do Atlântico Norte- Otan- de que a Iugoslávia estaria violando os direitos humanos em Kosovo era, na verdade, uma estratégia, para utilizar a Bomba de Grafite e o bombardeio desproporcional, tendo como alvo a população civil servo- croata, em proporções de limpeza étnica “entreabrindo, desde já, a porta para limpezas étnicas capazes de substituir, com vantagem, a limpeza étnica de populações indesejáveis ou excedentes”. Kosovo seria, assim, um laboratório para um novo modelo de guerra, bastante próximo ao modelo nazista de ciência, uma guerra que pode tornar a máquina de guerra a própria decisão de guerra, uma máquina cuja perfeição está na sua autonomia, na auto-suficiência e na automação da dissuasão.
A Decepção, fruto de uma estratégia bem montada, seria uma soma da desinformação e da decepção, da incapacidade de distinguir o real do falso, como Virilio explicaria em uma entrevista concedida ao jornal a Folha de São Paulo no dia 06 de abril de 2003:
A palavra decepção foi usada em seus dois sentidos: o "desinformar", mais próximo do significado em inglês, e o "decepcionar", mais próximo do significado em francês [e em português". (...)
Estamos todos desinformados e desapontados. Essa guerra vem mostrando ser uma catástrofe. É uma guerra acidental, preventiva, que escapou de sua natureza substantiva, clausewitziana [do pensador prussiano Carl Phillip Gottfried von Clausewitz (1780-1831)", que seria a guerra como o prosseguimento da política por outros meios
No momento em que as ciências das tecnologias da informação, nisso incluindo a web, significam, ao contrário do que comumente se prega, um retrocesso às liberdades, o espaço democrático encontra-se fatalmente comprometido.
CIBERCULTURA_resenha Luciana Rodrigues
Resenha de Luciana Rodrigues sobre a obra CIBERCULTURA de Pierre Levy. Ed. 34, 1999
Na página 17 do seu livro CIBERCULTURA o filósofo Pierre Levy dá a definição do termo do título: “o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atividades, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”. O autor recepciona esse novo momento com bastante otimismo, como ele mesmo destaca desde o início dessa obra. A Cibercultura, como herdeira da tradição iluminista do século XVIII, seria de saída uma ação de vanguarda, um movimento feito por jovens visando revolucionar as formas de comunicação, com apropriação de informações pelos mais diferentes sujeitos que podem apreendê-las e transformá-las de acordo com suas crenças, difundindo-as de forma universal, em uma ato de exercício democrático de emancipação.
O ciberespaço se configura como um campo de desenvolvimento de sociabilidade, de real reciprocidade pois seu meio de transmissão, a escrita, o tornaria menos volátil que a radiodifusão, basicamente oral. Por ser um saber que se constrói através da interação entre os participantes seria muito menos “totalizante”. A Cibercultura seria uma terceira fase da história, precedida por uma primeira: da vivência de uma totalidade não universal das pequenas sociedades, fechadas, marcadas por uma cultura oral e da segunda, que seria a do surgimento de um universal totalizante, das sociedades civilizadas, imperialistas, usuárias da escrita.
O real teria dois modos não opostos: o virtual e o atual. O virtual como uma informação potencial que está na rede apenas à espera de que alguém a acesse, disponível a qualquer tempo e espaço, no momento em que aquele leitor tenha condições de fazer uso dela. Ou seja: seria democratizante no sentido de que regiões menos desenvolvidas do planeta teriam acesso às informações e que seria um novo instrumento decisório da própria população de uma cidade.
A relação cidade- ciberespaço precisa ser bem entendida, segundo Levy, pois deve superar a versão meramente representativa, passando a utilizar de verdade os recursos técnicos e de linguagens próprios do ciberespaço. Para ilustrar a má utilização do potencial cita como exemplo os museus virtuais, dizendo que muitas vezes não passam de “catálogos ruins na internet”, ao invés de servirem como espaços de interatividade e criação de obras coletivas. Todavia o ciberespaço não duplica as instituições, eis que não as substitui, nem elimina as funções das cidades físicas. Por se tratar de um potente fator de desconcentração e de deslocalização, aumentando nossa capacidade de intervenção direta, ele torna os intermediários (jornais, revistas, televisão e demais mídias) obsoletos. A relação não é de analogia, assimilação ou substituição, mas de articulação de dois espaço qualitativamente diferentes: o do território e o da inteligência coletiva. Diz o autor:
A inteligência coletiva que fornece a cibercultura é ao mesmo tempo um veneno para aqueles que dela não participam (e ninguém pode participar completamente dela, de tão vasta e multiforme que é) e um remédio para aqueles que mergulham em seus turbilhões e conseguem controlar a própria deriva no meio de suas correntes” (LEVY, 1999: 30)
O verdadeiro conteúdo do ciberespaço, destaca o filósofo tunisiano- francês, precisa ser entendido não como um novo mercado ou nova infra-estrutura técnica, mas como um mecanismo de comunicação transversal (todos-todos) e hipertextual, de interatividade. É, portanto, um mecanismo social, que não implica no acesso ao equipamento, mas aos poderes de decisão.
Cibercultura,de Pierre Levy
Para Levy,a mídia (cinema, Internet,etc)não cria a informação em si,é apenas um meio.Como diria Clarisse Lispector justificando seu criticado livro “A Via Crucis do Corpo”: “se há indecências nas histórias a culpa não é minha ”.
Radicais opositores ao capitalismo financeiro internacional colocam tudo no mesmo saco e transformam o ciberespaço numa espécie de arauto da globalização escondido sob a máscara de humanismo.Contra - argumenta com o exemplo das redes de telefonia que permitem uma comunicação planetária e interativa ( que fatura fortunas) e que ainda é usada por apenas um quarto da humanidade. “ Não há sentido em opor o comércio de um lado e a dinâmica libertária e comunitária que comandou o crescimento da Internet de outro.Os dois são complementares ,para desgosto dos maniqueístas”(13)
Quanto ao problema crucial da exclusão , Levy recorda que não são os pobres que rejeitam a Internet ,mas aqueles cuja posições de poder (e privilégios culturais) sentem-se ameaçados por esta nova forma de comunicação transversal e internacionalmente conexada .
A bomba das telecomunicações e a bomba demográfica
“Frente à irresistível inundação humana, há duas soluções opostas.Uma delas é a guerra....com o desprezo que isto implica em relação ás pessoas....A outra é a exaltação do individuo, o humano considerado como o maior valor...”, diz Levy na introdução de seu livro.
Daí pra frente , com toda sua carga judaica , ‘delira’ em comparações entre o dilúvio bíblico e o das informações, citando até alguns versículos da Bíblia.Tudo isso para profetizar que o segundo dilúvio não terá fim e que por isso devemos ensinar nossos filhos a nadar e a navegar(ciberespaço). Esta alegoria seve-lhe para falar da evolução da fase de comunicação oral para escrita , mais universal e totalizante.E para falar do caminho inverso (retorno)da nova universalidade que não dependeria mais da auto-suficiência de textos totalizantes, mas sim da interconexão mundial de textos entre si “ que lhe dão sentidos variados em uma renovação permanente...sem nenhuma pretensão ao universal”.
O autor finalmente adianta que na primeira parte de seu livro, definições, apresentará de forma acessível,conceitos como a digitalização da informação, os hipertextos e hipermídias, as simulações em computadores, as realidades virtuais , as grandes funções das redes interativas e da Internet,em particular.Quanto à segunda parte, esta será um esboço da cibercultura e a nova forma de universalidade que inventa, ou permite inventar, o movimento social que faz nascer,e conflitos na relação com o saber, entre outros relacionados à educação e cidadania.
Na terceira e última parte analisará o lado negativo da cibercultura e as questões de da exclusão e da manutenção da diversidade cultural frente aos imperialismos políticos,econômicos ou midiáticos.
Karen Kipnis, Infoeducação, ECA/USP
domingo, 23 de março de 2008
fichamento de "Estratégia da decepção"
Virilio,Paul.Estratégia da Decepção. São Paulo, Estação Liberdade, 2000
Este livro está dividido em quatro crônicas escritas entre 19 de abril e 15 de junho de 1999.
Primeira crônica: “Uma pretensa guerra humanitária dos países da OTAN para o Kosovo inquietou um crescente número de nações fracas e confirmou o receio de todos aqueles que se viam na iminência de, mais dia menos dia,ser alvo das nações ‘fortes’”(14).Na opinião de Virilio, isto seria contraproducente pois aumentaria em muito a ameaça crescente de proliferação nuclear, química e bacteriológica , em países preocupados em se proteger contra os efeitos de um ataque com armas de destruição em massa.
Deste raciocínio, Virilio conclui que os EUA teriam decidido desenvolver uma defesa antimíssil e proibir os outros países de adquirir estas tecnologias(visão partilhada também pela antiga Rússia, Ucrânia e Japão).Neste caso, o ‘dever de intervenção ‘ não seria mais um limite ético, mas estratégico.
Virilio termina sua primeira crônica com a seguinte reflexão: o espaço orbital estaria destinado a suplantar , no futuro, o espaço territorial?
Segunda crônica:neste segundo texto, conhecemos a opinião do autor sobre a guerra da informação e sua dimensão humanitária do ‘conflito dos direitos humanos’ nos quais as populações civis ficam na linha de frente:a limpeza ética em substituição à limpeza étnica de populações indesejáveis ou excedentes .
Sob sua perspectiva pessimista, o uso da cibernética dos sistemas tenderiam a dominar a vida das nações nos campos econômicos e políticos , além da geopolítica global.
Concluindo, o autor trata o confronto no espaço hertziano como continuidade ao que se processou no espaço aéreo dos Balcãs- um fenômeno cósmico : a polícia das estrelas(43).
Terceira crônica:desta vez, o autor retoma várias idéias dos dois textos anteriores sobre o fracasso da Otan na guerra do Kosovo, dando mais destaque ao que chamou de revolução dos assuntos militares.”Se a guerra do Golfo marca o fim do status quo do equilíbrio militar entre os blocos Leste /Oeste,a guerra do Kosovo marca o fim o fim do status quo do equilíbrio político”(46).
Para o autor, a era da revolução da informação é também a da desinformação: “Desinforma-se o telespectador afogando-o num mar de informações,de dados aparentemente contraditórios...a partir de agora, mais é menos!”(58/59)
Finalizando, mais uma vez Virilio acusa o desejo dos EUA, pós- queda do muro de Berlim, de se tornarem os ‘patrulheiros do mundo’,neutralizando o inimigo, criando pânico a sua volta.
Quarta crônica:nesta quarta e última crônica, Virilio acusa a posição e o status americano de controlador de um ‘ grande subúrbio mundial’.
O autor afirma que já não se tratava, para os EUA, de instalar uma guerra justa (neste subúrbio mundial), mas uma guerra legítima,e disto tinham que convencer a opinião pública . Quando a opinião pública passou a se voltar contra os aliados, na guerra dos Balcãs, deu-se conta de uma desinformação em escala industrial.Por um lado, uma estranha ‘defesa do gênero humano’ popularizada na mídia, uma espécie de preparação dos espíritos(shows, campanhas publicitárias, etc) para grandes manobras humanitárias.Por outro lado, imagens televisivas mostravam a miséria dos kosovares e sua mensagem subliminar: "amanhã será a sua vez"(83).
Por fim, Negroponte levanta a bola: “Com a liberalização da informação na Web, o que mais falta é o sentido...um contexto” ,e Virilio faz o gol: “...em que os internautas pudessem situar os fatos e distinguir assim o VERDADEIRO do FALSO”(89).
Observação: neste livro o discurso de Virilio é redutor,repetitivo e simplificado, encaixando a sociedade e a ciência tecnológica em esquemas dicotômicos - certo/errado ; bem/mal. Deste modo, ao serem tratados por esquemas maniqueístas , os temas acabaram perdendo a sua essência.
fichamento de entrevista de Paul Virilio
Entrevista de Paul Virilio à Folha de São Paulo em 6/04/2003
EUA tiveram de ‘inventar’ inimigo para atacar Iraque, diz filósofo
www1.folha.uol.com.br /folha/mundo/ult94u54674.shtml
Em entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo, o urbanista e filósofo francês Paul Virilio, que teve quatro ensaios traduzidos no Brasil - entre eles “Estratégia da Decepção”- afirma que os EUA ‘inventaram’ um inimigo para atacar o Iraque. Essa invenção se daria pela propaganda e pelo aparato de comunicação que permitiu uma guerra on-line.
Para o filósofo, a coalizão anglo-americana é uma ameaça à democracia, pois a sincronização de emoção ( no universo on-line)conduz à perda coletiva do espírito crítico e posteriormente ao risco da idolatria(incompatível com o processo democrático).Por isso,o urbanista acredita que, atualmente, a ciência seja mais um instrumento militar do que um agente de civilização.
Na entrevista, foram abordadas questões sobre a estratégia da desinformação; sobre o porquê de os EUA não terem convencido o mundo de que precisavam derrubar Saddam; sobre até que ponto a guerra seria legível sem a mídia (importante ao processo de invenção); e sobre se a mídia e o ‘campo virtual’ seriam também usados pelo lado iraquiano.Falou-se também sobre o jornalista ‘encaixado’ na guerra sem liberdade em suas relações informativas com o inimigo do país que representa e da informação como um componente tático.
Lembrando Einstein, Virilio fala da ‘bomba informática’, salientando que a informação já não mais seria um instrumento de libertação: tudo tende a uma fusão de opiniões. Assim, a cidadania padronizada a partir da Revolução Industrial moldou também as informações, apresentadas de uma só maneira.
A entrevista termina com a constatação do perigo da dimensão religiosa que esta ‘democracia pela emoção’ pode alcançar: “A guerra preventiva é uma forma de crime contra a humanidade”, e que vem se globalizando.
Universidade de São Paulo- ECA
Karen Kipnis
Infoeducação
fichamento:Educação e cibercultura
Autor: Levy,Pierre
Título: Educação e cibercultura
WWW.sescsp.org.br/sesc/conferencias_new/subindex
Se é verdade que tudo no mundo pode ser explicado e interpretado pelas Sagradas Escrituras(o Verbo), e se também é verdade que existe uma Bíblia para cada leitor da Bíblia e sua infinidade de sentidos, então Pierre Levy define bem o ciberespaço quando fala em ‘região dos mundos virtuais’.A tradução do termo Bereshit (Gênesis) do hebraico seria “num princípio’, (e não ‘no princípio’), pressupondo ,há muito ,a possibilidade de novos inícios, novas verdades e outros mundos a serem (re)criados.
Segundo Levy,a cibercultura vale-se do ciberespaço - suporte de tecnologias intelectuais que ampliam,exteriorizam e alteram muitas funções cognitivas humanas - devido à velocidade do surgimento e da renovação dos saberes e do know-how. Memória, imaginação (simulação), percepção e raciocínios seriam algumas das funções cognitivas acima mencionadas.
“O que a cibercultura está inegavelmente propiciando é a transição entre uma educação e formação estritamente institucionalizada e uma situação de intercambio generalizado dos saberes, de ensino da sociedade por ela mesma, de conhecimento auto-gerido, móvel e contextual das competências”. Ou seja, o saber-fluxo, o saber- transação de conhecimentos e as novas tecnologias de inteligência individual e coletiva estão modificando as percepções do problema da educação e formação.
Com estas modificações, Levy crê que duas grandes reformas serão necessárias no sistema de educação e formação.Uma seria a adaptação dos dispositivos e do espírito do aprendizado aberto e à distancia (AAD) no cotidiano e no ordinário da educação.Neste caso, o docente passaria a ser mais um animador da inteligência coletiva e de seus grupos de alunos, ao invés de difusor direto de conhecimentos.
A outra reforma diz respeito aos sistemas de ensino públicos que podem, ao menos, dar-se por nova missão a de orientar os percursos individuais no saber e contribuir para o reconhecimento do conjunto de know-how e saberes ,incluindo os não acadêmicos.
O autor comenta sobre o ‘segundo dilúvio’ ao referir-se ao dilúvio de informações, hoje ,teoricamente, acessível a todos e conclui que, na atualidade, o conhecimento passou definitivamente para o lado do indomável.Levy também se questiona, além do ‘como?’ e ‘segundo que critérios? , sobre o ‘quem?’ e conclui que, no ciberespaço, está vez mais evidente que o conhecimento expressa uma população.
Como as informações até aqui apresentadas relacionam-se com a educação?Tendo em vista o aumento da demanda por formação (mais e melhor) Levy acredita na necessidade de diversificação e personalização que o ciberespaço permite.
Universidade de São Paulo
Karen Kipnis
Infoeducação
Resenhas
aí estão as resenhas.
Feliz Páscoa!
LEVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo, 34, 1999.
Cibercultura, de Pierre Levy, é um tratado sobre a cibercultura e os seus aspectos na vida cotidiana. Dividido em três partes: definições, proposições e problemas, o livro faz uma análise abrangente de como a cibercultura já está inserida em diversos setores da sociedade.
A primeira parte, Definições, traz os significados para os termos usados correntemente na Internet. Traz ainda exemplos práticos dos usos dessas novas tecnologias e uma comparação muito pertinente da maneira utilizada quando a Internet ainda não era uma realidade.
A segunda parte, Proposições, analisa, a partir do conceito de universal sem totalidade, o impacto causado pela cibercultura dentro de diversos setores da sociedade, como a arte, a música e, sobretudo a educação. Em relação à educação, o autor amplia a discussão, trazendo num dos capítulos a análise das chamadas árvores de conhecimentos.
Em Problemas, a terceira parte do livro, o autor tenta analisar os aspectos negativos da cibercultura, mas se atém à discussão das críticas provocadas por ela. Levy divide essas críticas em três: crítica da substituição, onde o autor tenta mostrar que “é um erro pensar que o virtual substitui o real, ou que as telecomunicações e a telepresença vão pura e simplesmente substituir os deslocamentos físicos e os contatos diretos” (o autor critica pensadores como Paul Virilio e Nicolas Negroponte); crítica da dominação, onde Levy mostra que o dinamismo da cibercultura está relacionado ao entrelaçamento e à manutenção de uma dialética da utopia e dos negócios; e crítica da crítica, onde o autor analisa as funções do pensamento crítico e defende que a crítica está se tornando conservadora. Levy apresenta também algumas perguntas sobre a problemática da cibercultura e sugere algumas respostas que incitam à reflexão.
Na conclusão, o autor enfatiza o conceito de universal sem totalidade e defende a existência de três grandes etapas da história: “a das pequenas sociedades fechadas, de cultura oral, que vivem uma totalidade sem universal; - a das sociedades ‘civilizadas’, imperialistas, usuárias da escrita, que fizeram surgir um universal totalizante; e - da cibercultura, correspondendo à globalização concreta das sociedades, que inventa um universal sem totalidade”. (p. 248).
VIRILIO, Paul. Estratégia da decepção. São Paulo, Estação Liberdade, 2000. 93p.
Reunião de quatro crônicas, a maioria escrita durante o conflito em Kosovo, Estratégia da decepção traz a análise dos atos cometidos pelos Estados Unidos, o papel desempenhado pela OTAN e pela ONU, e a importância da informação em eventos dessa grandeza.
Segundo o autor, o conflito em Kosovo serviu para mostrar a passagem de uma eletronic warfare (conflito militar eletrônico) para uma information warfare (conflito militar informacional), baseado em três princípios fundamentais: “a presença de satélites sobre os territórios, a transmissão em tempo real das informações colhidas e, finalmente, a capacidade de análise rápida dos dados transmitidos aos diversos estados-maiores”. (VIRILIO, p. 28).
Para ilustrar essa mudança, Virilio esmiúça as estratégias adotadas pelos Estados Unidos nessa guerra, apontando, além das diferenças em relação a outros conflitos, as conseqüências deste novo direcionamento. Além das informações do território captadas por satélites, os EUA bombardearam o inimigo com Bombas de Grafite, cujo principal objetivo era criar uma pane na geração de energia elétrica, levando à escuridão e ao isolamento informacional. O ataque à rede de televisão iugoslava é outro exemplo dessa information warfare, pois tirou a possibilidade do governo sérvio comunicar-se com sua população.
Sobre a Web, Virilio defende que a Internet desempenha “no domínio da informação, o mesmo papel que a interferência nas emissoras inimigas nas guerras mundiais anteriores”.E que a diferença entre informação (verdadeiro) e decepção (falso) torna-se cada dia mais apagada.
sábado, 22 de março de 2008
Resenha: Cibercultura (Pierre Lévy) e Estratégia da decepção (Paul Virilio)
Segue a resenha.
Boa páscoa para tod@s!
[]s,
Elisangela
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Se para o otimista Pierre Lévy o ciberespaço, ou Internet, é um dispositivo livre de comunicação, interativo e comunitário a serviço da inteligência coletiva, para Paul Virilio a Internet tem objetivos militares, desempenha o papel de interferência nas opiniões públicas e gera dependência.
De fato, como mostram as posições dos autores, vivemos em um ambiente de contradições, fragmentado em globalizadores e globalizados, centro e periferia, bem como a intensa e por vezes conflituosa interação destes ambientes. Conforme VIRILIO (2000, p.58), “se o lema do poder dos reis dos séculos passados era ‘dividir para governar’, hoje a arrogância do poder se manifesta não apenas na divisão local, mas ainda mais pela multiplicação global, pela confusão cada vez maior dos Estados-nações diante da aceleração dos procedimentos econômico-políticos, o feed-back interativo entre o global e o local”.
Entretanto, no ciberespaço não é esperada uma solução para as desigualdades sociais e, neste ponto, LÉVY (1999, p.234-238) vai além quando reconhece que o acesso ao ciberespaço requer infra-estrutura de comunicação e elevado investimento financeiro para as regiões em desenvolvimento, porém não basta o acesso aos equipamentos e interfaces para superar uma situação de inferioridade:
“É preciso estar em condições de participar ativamente dos processos de inteligência coletiva que representam o principal interesse do ciberespaço. Os novos instrumentos deveriam servir prioritariamente para valorizar a cultura, as competências, os recursos e os projetos locais, para ajudar as pessoas a participar de coletivos de ajuda mútua, de grupos de aprendizagem cooperativa, etc.”
Trata-se, portanto, de uma importante ferramenta complementar aos processos nos campos da educação e formação profissional.
Mas, além da informação em tempo real que o ciberespaço proporciona, é vital a capacidade de análise rápida dos dados. Como afirma VIRILIO, o desafio está em situar os fatos, distinguir o verdadeiro do falso, refletir e posicionar-se diante do fluxo veloz e constante de informações. Para VIRILIO (2000, p.58), longe de ser um instrumento em favor da inteligência coletiva e de concretizar os ideais humanistas preconizados por Lévy, a Internet, instrumento da “revolução da informação” também está a serviço da desinformação: “Desinforma-se o telespectador afogando-o num mar de informações, de dados aparentemente contraditórios (...). A partir de agora, mais é menos! – e às vezes até menos que nada: já não é mais possível distinguir a manipulação voluntária do acidente involuntário”.
LÉVY (1999, p 225), entretanto, crê na capacidade individual de filtrar o dilúvio informacional e afirma que “é muito mais difícil executar manipulações em um espaço onde todos podem emitir mensagens e onde informações contraditórias podem confrontar-se do que em um sistema onde os centros emissores são controlados por uma minoria”.
Além disso, o autor acredita que quanto mais a informação circula na Internet, melhor é explorada (ascensão do virtual) e maior será o nosso contato (ascensão do atual), porém, o virtual não substitui o real, mas “são adicionados aos dispositivos anteriores ou os tornam mais complexos em vez de substituí-los” LÉVY (1999, p.211). Neste sentido, cabe a reflexão sobre o mesmo espanto e surpresa que vivenciamos a expansão intensa e veloz das tecnologias de informação, também nossos antepassados sentiram com as substituições dos suportes (meios) de informação (mensagem): o registro da escrita em papiro, a impressão e distribuição dos livros, etc.
Para Lévy, o ciberespaço é universal pelo fato de se basear na escrita, suporte fundamental de registro e difusão do saber, desde o saber religioso ao conhecimento científico.
O ciberespaço encoraja ainda a formação da rede de relacionamentos e impulsiona transformações, como a interessante idéia de que a leitura e escrita trocam seus papéis “com o hipertexto toda leitura é uma escrita potencial” LÉVY (1999, p.61).
Em todo o livro Lévy ressalta a cibercultura como fruto de um movimento social de busca da interação global entre os participantes, mas reconhece que o universal produz seus excluídos.
De fato, como afirma VIRILIO (2000, p.21) seja para as questões de produção empresarial, pesquisa científica, ou de conflito armado, o domínio dos recursos tecnológicos é hoje o novo modelo de seleção natural, mais importante que o poder político, ou do homem de Estado eleito.
Referências Bibliográficas:
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo, 34, 1999.
VIRILIO, Paul. Estratégia da decepção. São Paulo, Estação Liberdade, 2000.