Boa noite!
Espero que todos estejam bem.
Resenhas a vista!
FERRETTI, Celso J. ;ZIBAS, Dagmar M. L. ; TARTUCE, Gisela Lobo B.P. Protagonismo na literatura especializada e na reforma do ensino médio. IN: Cadernos de pesquisa, v.34, n.122, p.411-423, maio-ago 2004.
A proposta deste artigo é fazer uma análise crítica da bibliografia referente a questão do protagonismo juvenil e de alguns aspectos das normas oficiais (DCNEM - Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio).
Como introdução, Ferretti et al citam os seguintes fenômenos contemporâneos em que o protagonismo juvenil será contextualizado:
1. As transformações sociais e culturais das sociedades pós-industriais
2. As mudanças no trabalho estruturado sob o capital
3. Os avanços nos campos científico e tecnológico
Em face destes fenômenos, diversos autores estudados neste artigo indicam uma urgente necessidade de promover, de forma sistemática, a formação de atitudes cidadãs que permitam a esses sujeitos conviver de forma autônoma com o mundo contemporâneo.
PERGUNTO EU: O protagonismo juvenil seria uma reação ao pós-industrialismo?
Ferretti et al. citam o hibridismo semântico do termo protagonismo, mas fecham a questão afirmando que o cimento semântico seria Ação cidadã ou Preparação para a ação cidadã. A seguir eles citam Antonio Carlos Gomes COSTA, um dos poucos autores a tratar da relação entre protagonismo e educação formal no Brasil e seu conceito: "Protagonismo é a participação do adolescente no enfrentamento de situações reais na escola, na comunidade e na vida social mais ampla". Logo, protagonismo seria um método de trabalho cooperativo fundamentado na Pedagogia ativa.
Tanto o discurso de COSTA quanto de ESCAMEZ & GIL são belíssimos e comoventes, mas FERRETT et al denunciam seu abstracionismo, na medida em que tais discursos tratam a adolescência e a juventude de forma homogênea e idealizada. Segundo eles: "se até agora os autores usam uma sociedade e juventude e protagonismo abstratos podem descambar para idealizações tanto das ações quanto dos sujeitos individuais e sociais a elas relacionados para simplificação do proposto e para leituras muito diversas do que é pretendido.
A seguir, Ferretti el al citam outro conceito usado por quase todos os autores estudados, que é a Resiliência. Eles citam BARRIENTOS & LASCANO para definir este conceito: "Resilência é a capacidade de pessoas resistirem a adversidade valendo-se da experiência assim adquirida para construir novas habilidades e comportamentos que lhes permitam sobrepor-se às condições adversas e alcançar melhor qualidade de vida." Ferretti et al jogam com a hipótese de que as propostas relativas ao protagonismo parecem mirar 2 grandes grupos:
1. Os jovens não pobres que podem ser cooptados para realizar ações voluntárias que beneficiem as populações carentes
2. Os jovens pobres que podem desenvolver ações de resiliência
MEU COMENTÁRIO: Como membro de igreja há mais de 15 anos, não pude deixar de notar a semelhança do discurso acima com o discurso religioso.
Uma crítica que Ferretti et al fazem dos discursos, especificamente deBARRIENTOS & LASCANO e da CEPAL é que da forma como é apresentado, o protagonismo possibilita a despolitização do olhar sobre os porquês da pobreza e sua manutenção, desviando o foco das preocupações do debate político e social.
Logo, a perversidade deste raciocínio é:
1. O protagonismo seria mais adaptativo do que problematizador
2. O protagonismo desloca a ação do Estado para a sociedade civil
3. O protagonismo transfere para os jovens (principalmente os mais pobres) a responsabilidade da resiliência.
Outra questão lembrada por Ferretti et al. é o hibridismo dos discursos, em que discursos são descontextualizados e, em seguida, recontextualizados, ou seja, é cada vez mais veloz a apropriação de discursos dentro dos contextos diferentes daqueles em que foram produzidos.
A conclusão do artigo é:
Se por um lado há uma discussão que advoga a necessidade do desenvolvimento do ser humano completo, por outro lado, este mesmo discurso afirma a irreversibilidade dos efeitos negativos da era pós-industrial, orienta a despolitização da participação juvenil e faz um apelo à adaptação à nova ordem mundial. Portanto, cabe aos educadores o trabalho de permanecer atentos aos sutiz viezes ideológicos e promover um protagonismo juvenil que não seja mero ativismo social.
Bom, agora o teste de postagem num acesso discado domingo a noite...
domingo, 30 de março de 2008
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