No artigo “Protagonismo Juvenil na Literatura Especializada e na Reforma do Ensino Médio”(Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v.34, n122, p.411-423, maio/ago.2004),seus autores resumem definições encontradas na literatura especializada de autores como, por exemplo, Costa, Barrientos, Lascano, Novaes e outros, para verificar como o tema ‘protagonismo’ foi entendido e proposto pelo documento oficial da reforma do ensino médio.
Apesar de a questão da participação ativa dos jovens alunos em sua aprendizagem não ser nova, nos anos 90 foram publicadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio-DCNEM , enfatizando este aspecto, sugerindo agora o termo ‘protagonimo’.
Por terem os jovens de hoje nascido e crescido no contexto social da mudança em curso das chamadas sociedades pós-modernas (pós –industriais), “que produzem simultânea e contraditoriamente a afirmação e a negação de paradigmas”,vários autores da área concordam com a urgência de uma ‘moderna cidadania’.
Neste novo tempo, o adolescente classe média /alta passaria de problema para solução de problemas pontuais, como realizar ações na maioria das vezes voluntárias, tornando-se protagonista.Os alunos mais pobres desenvolveriam ações na perspectiva da “resiliência”, subentendido pelos autores citados como a capacidade das pessoas resistirem à adversidade, valendo-se da experiência assim adquirida para construir novas habilidades e comportamentos que lhes permitam sobrepor-se às condições adversas e alcançar melhor qualidade de vida.
A nova cidadania seria um combate ao advento das sociedades pós-industriais. Na prática,ela poderia resultar em boas ações, mas também despolitizar o olhar do aluno sobre as determinações da pobreza e sua manutenção.
Escamez e Gil (2003) falam em formação ética , moral e cidadã ; Costa lança apenas para o futuro a possibilidade de um posicionamento político do jovem. Novaes também é criticada no texto por vincular o protagonismo a ações sociais de caráter imediato.
Para os autores deste artigo, a questão é saber até que ponto a educação para a nova cidadania, sob pretexto de salvação dos efeitos negativos do pós-industrialismo, seria realmente efetiva num contexto de realidades tão desiguais como o nosso .O casamento entre os conceitos de protagonismo juvenil na literatura especializada e entre este mesmo conceito nos documentos oficiais gerou um discurso híbrido, no qual haveria“ apropriações de discursos dentro de contextos diferentes daqueles que foram produzidos.... Enviesando sutilmente os significados originais, embaralha os campos político-ideológicos e confunde a crítica”.
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