terça-feira, 25 de março de 2008

Cibercultura,de Pierre Levy

Como ainda não acabei de ler todo o livro “Cibercultura”, do Pierre Levy, tomo a liberdade de apenas comentar sua introdução que traz também uma breve explicação sobre como sua obra está dividida e se apresenta.
Para Levy,a mídia (cinema, Internet,etc)não cria a informação em si,é apenas um meio.Como diria Clarisse Lispector justificando seu criticado livro “A Via Crucis do Corpo”: “se há indecências nas histórias a culpa não é minha ”.
Radicais opositores ao capitalismo financeiro internacional colocam tudo no mesmo saco e transformam o ciberespaço numa espécie de arauto da globalização escondido sob a máscara de humanismo.Contra - argumenta com o exemplo das redes de telefonia que permitem uma comunicação planetária e interativa ( que fatura fortunas) e que ainda é usada por apenas um quarto da humanidade. “ Não há sentido em opor o comércio de um lado e a dinâmica libertária e comunitária que comandou o crescimento da Internet de outro.Os dois são complementares ,para desgosto dos maniqueístas”(13)
Quanto ao problema crucial da exclusão , Levy recorda que não são os pobres que rejeitam a Internet ,mas aqueles cuja posições de poder (e privilégios culturais) sentem-se ameaçados por esta nova forma de comunicação transversal e internacionalmente conexada .
A bomba das telecomunicações e a bomba demográfica
“Frente à irresistível inundação humana, há duas soluções opostas.Uma delas é a guerra....com o desprezo que isto implica em relação ás pessoas....A outra é a exaltação do individuo, o humano considerado como o maior valor...”, diz Levy na introdução de seu livro.
Daí pra frente , com toda sua carga judaica , ‘delira’ em comparações entre o dilúvio bíblico e o das informações, citando até alguns versículos da Bíblia.Tudo isso para profetizar que o segundo dilúvio não terá fim e que por isso devemos ensinar nossos filhos a nadar e a navegar(ciberespaço). Esta alegoria seve-lhe para falar da evolução da fase de comunicação oral para escrita , mais universal e totalizante.E para falar do caminho inverso (retorno)da nova universalidade que não dependeria mais da auto-suficiência de textos totalizantes, mas sim da interconexão mundial de textos entre si “ que lhe dão sentidos variados em uma renovação permanente...sem nenhuma pretensão ao universal”.
O autor finalmente adianta que na primeira parte de seu livro, definições, apresentará de forma acessível,conceitos como a digitalização da informação, os hipertextos e hipermídias, as simulações em computadores, as realidades virtuais , as grandes funções das redes interativas e da Internet,em particular.Quanto à segunda parte, esta será um esboço da cibercultura e a nova forma de universalidade que inventa, ou permite inventar, o movimento social que faz nascer,e conflitos na relação com o saber, entre outros relacionados à educação e cidadania.
Na terceira e última parte analisará o lado negativo da cibercultura e as questões de da exclusão e da manutenção da diversidade cultural frente aos imperialismos políticos,econômicos ou midiáticos.

Karen Kipnis, Infoeducação, ECA/USP

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