O ADOLESCENTE COMO PROTAGONISTA
Resenha sobre o texto de Antonio Carlos Gomes da Costa
por Luciana Rodrigues
De saída o autor do texto, como pedagogo atuante de diversas instituições internacionais ligadas à questão da juventude, define que o principal objetivo na formação do jovem seria o de torná-lo autônomo, solidário, competente e participativo, ou seja, um verdadeiro PROTAGONISTA.
Mas que protagonista? Seria o lutador, o ator principal, o personagem principal pois, como o autor explica, o termo surge da junção de duas raízes gregas: “´ proto, o primeiro, o principal´ ; agon, que significa luta´”
Então esse jovem educando, seria o “ator principal” da execução do ato de educar, nesse ato ele adquiriria e ampliaria o seu repertorio interativo e, por conseguinte, sua capacidade de agir de forma emancipadora, não só para si mas para o meio em que está inserido, contribuindo de forma solidária para solução dos problemas em sua escola e comunidade.
Um transformador deve ser visto como uma solução e não um problema, ou seja, o primeiro passo é mudarmos a nossa visão sobre os adolescentes, agindo de acordo com essa premissa.
O protagonismo juvenil pressupõe um quadro de participação, individual ou em grupo, para resolução de problemas reais no contexto escolar e sócio- comunitário, junto com seus educadores. E não se trata aqui de simples movimentação, mas de uma participação efetiva, fruto de sua iniciativa, liberdade e compromisso, sob pena de tornar-lo mero objeto e não sujeito consciente de seu papel e de seus atos. Deve-se, portanto, descartas quaisquer manipulações que podem comprometer, para sempre, a capacidade pessoal e social do jovem.
Se faz preciso criar espaços onde as práticas e vivências do educando sejam a fonte e que o educador não se limite a ministrar suas aulas. Para Gomes da Costa o educador deve: “atuar como líder, organizador, animador, facilitador, criador e co-criador de acontecimentos, por meio dos quais possa desenvolver uma ação protagônica.”
O educador precisa firmar com o adolescente, assim, um compromisso político e ético de respeito, onde o educando terá papel criativo na ação educativa em todos os seus momentos. Trata-se de uma parceria, inclusive emocional, sem posturas autoritárias por parte dos adultos, que visa a construção de uma sociedade mais justa e democrática.
O autor do texto elenca algumas posturas autoritárias comuns aos adultos, que vão de encontro à participação plena dos jovens, São elas: tomar decisões prévias, anunciando-as apenas para que os jovens as acatem ou acreditem ser deles a decisão, cabendo, em alguns casos, aos jovens apenas discuti-las. Colocar os problemas, colher as sugestões, e depois decidir sozinho ou utilizar apenas o auxílio do grupo para tomar sua própria decisão. Ou o educador permitir aos jovens tomarem decisões dentro de certos limites por ele impostos ou sem interferir no processo que a originou.
Em contraposição as posturas acima descritas Gomes da Costa propõe algumas etapas para trabalhar com grupos de adolescentes, que partiria de uma apresentação real do problema de forma desafiante, buscando junto ao grupo o maior número de alternativas de soluções possíveis para que, a seguir, sejam discutidas com liberdade e isenção quanto a quem as apresentou. Na etapa seguinte, de tomada de decisão, se buscaria um consenso em torno das alternativas viáveis e consistentes, evitando decisões por maioria. Ao educador caberia acompanhar esse processo, atuando para animar o grupo e orientar para que não se dê um desvio de objetivos ou dispersão do grupo, motivando os laços e estimulando auto- avaliações.
Para concluir o texto demonstra que, se esse educador quiser de fato atuar de forma efetiva no processo de protagonismo juvenil, deve ter consciência de que é essencial ao desenvolvimento do adolescente sua participação na solução de problemas reais na sua comunidade; deve conhecer os fundamentos dessa atuação, compreender e respeitar os jovens, como coletividade e como identidade individual, em seus comportamentos diversos, inclusive os não verbais, sabendo administrar suas oscilações e não ser autoritário em suas opiniões e atitudes.
Se lermos O ADOLESCENTE COMO PROTAGONISTA como um guia para atuarmos junto aos jovens certamente sentiremos falta de várias questões, entretanto se o entendermos como um convite à reflexão e à atuação certamente veremos nele muitos méritos, pois quem de nós já não se colocou como O Protagonista frente aos jovens, limitando-os a meros espectadores ou, no máximo, a auxiliares de nossas decisões?
A derradeira lição colocada é: enquanto não acreditarmos no potencial criador e transformador dos jovens nas escolas e nas comunidades não estaremos contribuindo para a solução os problemas que se apresentam. No Acreditar devemos ir além: os educadores devem colaborar pedagogicamente, sem práticas autoritárias, na construção desse protagonismo, nesse “jovem solidário, autônomo, competente e participativo”, como bem define o autor.
quinta-feira, 27 de março de 2008
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